sexta-feira, 19/abril/2024
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“Intenção” de voto

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Os números das últimas pesquisas de ‘intenção’ de voto para governador de Mato Grosso deixaram muita gente animada, outros nem tanto. Animados estão o governador Blairo Maggi e seu grupo. Nem tanto quem ainda planeja desafiá-lo na eleição do próximo ano.

Também não é pra menos. Ultrapassar a barreira dos 70% de “intenção” de voto um ano e dois meses antes da eleição é um troço animador para qualquer um que pretenda candidatar-se, certo?

Errado! Não sou louco para (e não vou) contestar os números do IBOPE tampouco do Gazeta Dados, que em geral são coincidentes. Os institutos estão corretos até prova em contrário. Hoje, o cenário é este mesmo. Há, de fato, um favoritismo do governador para uma reeleição.

Mas, o que quero discutir é o conceito de “intenção” de voto um ano e dois meses antes das eleições. Sustento que não há, objetivamente, possibilidade de se falar em “intenção” de voto agora. Os eleitores não estão focados nisso, não há clima político para discutir agora a eleição – sobretudo por causa da crise política vigente no país -, e não há debate eleitoral possível agora. Não há, essencialmente, relação de causa e efeito na cabeça do eleitor. Porque o cidadão agora nem se reconhece como eleitor, uma obrigação que prefere lembrar somente na hora certa.

De uma forma geral, o que se toma por “intenção” de voto é uma derivação da popularidade e da avaliação administrativa dos avaliados, nos casos de quem está no exercício do governo, e da imagem dos que estão em cargos parlamentares ou sem cargo.

Jornalisticamente há uma necessidade de se falar em intenção de voto. Mas, isso é somente uma forma de apresentação de um dado de avaliação. Claro que os leitores têm interesse em saber como estão as chances de cada um “se as eleições fossem hoje”. Mas, objetivamente, as eleições não são hoje. Serão daqui um ano e dois meses.

Nós que tivemos a sorte de experimentar nossa primeira eleição em dois turnos, no caso de Cuiabá, ano passado, temos que transformar aquilo em conhecimento, racionalizando os fatos que testemunhamos.

Vimos, por exemplo, Alexandre Cesar iniciar o segundo turno com 20 pontos percentuais de vantagem sobre Wilson Santos e ainda assim perder as eleições 20 dias depois.

Claro que num segundo turno, toda a dinâmica de uma eleição de três meses ocorre em 20 a 25 dias. Tudo é concentrado, há horário eleitoral todos os dias, comícios todos os dias, não tem candidato proporcional, o que faz com que os proporcionais centralizem todas as atenções, e os eleitores estão no nível máximo de mobilização e atenção.

Mas, mesmo fora do segundo turno o ritmo da eleição é mais acelerado do que os planejamentos de quaisquer partidos. O eleitor é dono do “time” eleitoral. Ele decide quando vai se interessar pelos candidatos, motivados ou não.

Outro dia fui a um show do Belchior no Tom Choppim. Foi uma felicidade muito grande assistir àquele show, porque o Belchior é o cantor mais importante da minha curta biografia. E é ele que escreveu uma canção que começa assim: “Não cante vitória muito cedo não / nem mande flores para a cova do inimigo…”.

Kleber Lima é jornalista

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