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Hipocrisia, a epidemia do momento

Claiton Cavalcante é contador em Mato Grosso
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Com a quarentena em voga as máscaras caíram e a “epidemia” do politicamente correto veio mostrar comportamentos sociais escancarados pelas plataformas digitais, onde na verdade tudo não passava de hipocrisia.
Hipocrisia. A sociedade parece gostar dela, vejamos.

Quando o seu empregador não te trata com devido respeito, e quando você decide largar o emprego do dia para a noite e deixa-lo na mão, ele ainda pensa que você é o culpado, isso é hipocrisia.

Quando os frequentadores de qualquer templo religioso se vestem, maquilam e se gabam de ir à igreja semanalmente, mas ao pisar fora dela vive de forma preconceituosa, mente, rouba, desvia dinheiro, isso é hipocrisia.
Quando as pessoas preferem ficar sentadas apenas criticando e reclamando ao invés de levantar, e resolver a situação, isso é hipocrisia.

Quando artistas e personalidades públicas endeusadas pelos seus fãs, criticam a violência ao próximo, o uso de bebidas e substâncias proibidas, no entanto, agem de maneira contraria quando estão nas lives e longe dos holofotes, isso é hipocrisia. Falando nisso, este substantivo feminino tem dado o que falar nos últimos dias. Basta ver as transmissões ao vivo, a famosa live, onde artistas dos mais diversos segmentos se jogam na frente das câmeras e diante delas pensam que podem tudo.

E agindo assim, alguns artistas dão mau exemplo. E bota mau nisso!
Chegando ao ponto de pensarem e agirem como se estivesse em sua festa particular, em que pese, muitos desses artistas criarem os cenários em suas próprias casas.

É nesse ponto que quero chegar, pois os até então endeusados tidos como certinhos, com o advento da live tem extravasado suas vontades; xingando, bebendo ao ponto de não falar coisa com coisa e como dizia minha avó, falando palavras de baixo calão.

Imagine você, assistindo uma live com duração de três horas e meia, podendo chegar a sete horas e meia, como foi o caso da live do buteco na casa do Gusttavo Lima, sem poder tomar nenhuma geladinha. Para muitos isso seria impossível!

Com isso percebemos outra hipocrisia. Que vou denominar de ‘hipocrisia da bebida alcoólica”. Dado que as grandes marcas de cerveja enfrentam restrições para anunciarem na grande mídia, agora com a modinha das transmissões ao vivo as grandes marcas cervejeiras têm injetado milhões de reais em patrocínio para poderem ter suas marcas vinculadas as imagens dos artistas, onde esses podem aparecer, sem nenhuma proibição ostentando copos de uísque, cerveja e até água.

Muito embora esses artistas têm pagado muito mico em razão da bebedeira desenfreada, por outro lado há o aspecto solidário e altruísta, pois, além de conscientizar a população da necessidade de ficar em casa, em tempos de pandemia, tem também arrecadado toneladas de alimentos e volumosas quantias em dinheiro para posterior distribuição a instituições de caridade.

Falamos até aqui dos artistas. Mas e nós simples mortais? Somos tão hipócritas quanto.
Um militar francês, do século XVII, definiu de maneira sarcástica a essência do comportamento hipócrita: A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude. Ou seja, todo hipócrita finge simular comportamentos corretos e socialmente aceitos.

Em regra, todo homem tem seu preço razão pela qual pode se deixar levar ao desvio de caráter e comportamento. É cômodo para o ser humano exigir mais direitos do que obrigações, mais educação para os seus, desde que em contrapartida possamos ao menos estacionar na vaga do idoso, ultrapassar na faixa contínua. E mais. Para quem anda de ônibus, assim como eu, sabe muito bem disso, fingir dormir no assento quando entra um idoso no busão.
Criticam os altos salários da classe política e de alguns servidores desses órgãos ou poderes, mas o que faríamos se estivéssemos lá, ocupando os mesmos cargos ou funções? Uma grande amiga e renomada advogada tem a resposta, ao dizer que está ruim pra quem tá fora do sistema.

Temos assistido e presenciado campanhas difamatórias contra os lados “A” e “B”, panelaço, buzinaço, passeata e carreata. Mas será que nos buzinaços e nas carreatas contra o aumento no preço dos combustíveis ou contra o aumento da cesta básica, tinha algum dono de posto ou de supermercado? Provavelmente não!

Quer ver outra hipocrisia? Essa mais atual do que nunca. Divulgar notícia falsa carregada de viés ideológico, a meu ver além de hipócrita é mau-caratismo, já que induz as pessoas a propagarem somente aquilo que interessa ao difusor.
No atual cenário, que na verdade vem desde lá muito atrás, vivemos em um antagonismo, onde a hipocrisia é mais agradável, pois mesmo com todos esses tipos de comportamentos inadequados ainda há muitos adeptos, ao passo que as pessoas diretas e mais verdadeiras são condenadas e escorraçadas.
Afinal, onde está a hipocrisia? No artista ou no fã?
O Nobel de Literatura, Jacinto Benavente, dizia que às vezes procura-se parecer melhor do que se é. Outras vezes, procura-se parecer pior. Eis a hipocrisia.

Ah! Estava esquecendo. Visto que a maioria das pessoas não enxergam além das aparências, durante o home office eu tenho me maquiado, faço a barba, uso paletó e gravata e na parte de baixo samba-canção.

 

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