A máxima ou dito popular de que “em casa de enforcado não se fala de corda” aplica-se perfeitamente aos partidos políticos, aos atuais e ex-governantes, boa parte da chamada classe política e das elites do/no poder quando o assunto é mensalão/corrupção.
Depois de quase sete anos entre investigações , oferecimento de denúncia pelo Ministério Público Federal junto ao Supremo Tribunal Federal – STF – , a mais alta Corte de Justiça do país e vários meses de julgamento público trnsmitido pela TV e com cobertura de outros veículos de comunicação do Brasil e outros países, está chegando ao final um capítulo extremamente lamentável e vergonhoso da política e da administração pública brasileira.
O que mais impressiona neste episódio é que o mesmo envolveu a cúpula do PT, logo após o referido partido ter se sagrado vencedor nas eleições para a Presidência da República e estar ocupando o Palácio do Planalto sua figura mais expressiva, o então Presidente Lula, fundador e maior líder (cacique-mor) de fato do PT ao longo de sua história.
Um aspecto “interessante” e lamentável é o fato do próprio Presidente da República e vários de seus ministros, inclusive os que acabaram sendo denunciados por vários crimes de colarinho branco perante o STF, negarem a existência do Mensalão, imputando tais fatos como fuxico, desespero ou maquinações da oposição e um verdadeiro complô criado pela mídia.
Costuma-se também dizer que o tempo é o senhor da história, nada como o tempo para lançar luz sobre fatos obscuros ou que os governantes em cada momento tentam ocultar. Pena que o tempo também acabe colaborando para a impunidade de muitos, principalmente quando se trata de crimes de colarinho branco, envolvendo altas figuras da administração pública.
Coube e está cabendo aos ministros do STF demonstrar com argumentos e fatos que o mensalão existiu e em suas práticas durante pouco mais de dois anos, o Palácio do Planalto, bem na “barba” de Lula era a séde de uma quadrilha que ao invés de realizar acões em favor do povo brasileiro usava cargos, prestígio e todo um aparato oficial para corromper congressistas buscando com isto apoio ao governo, não de José Dirceu, mas sim do Governo Lula.
Ao final do julgamento ficaram devidamente comprovados crimes, pelos quais vários dos acusados foram condenados e o país aguarda a definição das penas a que serão submetidos e o regime a que deverão estar sujeitos: fechado ou outra alternativa.
Os crimes comprovados pelo STF foram: corrupção ativa e passiva; peculato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formaçao de quadrilha. Essas são acusações graves, devidamente comprovadas e julgadas pelo Poder Judiciário e que envolveram o núcleo do poder executivo, do principal partido do Governo (PT) e de vários partidos que faziam e ainda fazem parte da base do governo Lula e do atual Dilma.
O estranho em tudo isto é que o assunto tem gerado pouco impacto na opinião pública, não ocorreram manifestações populares, os “caras pintadas” que foram tão ativos quando do impeachment do então president Collor desapareceram, quase nada se ouve nas tribunas do Congresso ou em seus corredores e parece que o povo está feliz com tudo isto.
Basta ver o crescimento da votação do PT nessas eleições, o partido mais votado com mais de 16,8 milhões de votos, seguido pelo PMDB com 16,26 milhões, enfim, 76% dos eleitores votaram em candidatos que defendem o alinhamento com o governo federal e a oposição está a caminho do desaparecimento.
Parece que vamos iniciar uma nova fase da vida nacional. A Polícia Federal investiga, o Ministério Público denuncia, o Poder Judiciário julga e condena , mas o povo do país do pão e circo absolve tais práticas criminosas do aparelhamento das instituições públicas por partidos e políticos que um dia fizeram “da ética na política” um belo discurso. Chegando ao poder transformaram e prostituiram suas práticas e ações de governo. Parece que o lema “a luta continua” vai ser substituido por “a corrupção continua”.
A tese do alinhamento politico muito em voga nas atuais eleições, ao lado do loteamento da administração pública, a liberação de emendas parlamentares a conta-gotas representam a ante sala da corrupção no Brasil. Com o sem mensalão nada disso vai mudar!
Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias
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