sexta-feira, 29/março/2024
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De Mateus

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Guerra é renúncia ao postulado humano, mesmo assim, nos períodos de combates entre povos, ao longo do tempo, a ciência e a pesquisa sempre saíram ganhando: turbina dos jatos, penicilina, incorporações tecnológicas em veículos – é o caso do Fusca, com motor refrigerado a ar para suportar o deserto onde Rommel sufocava Aliados – etc. Pelo lado animalesco nos teatros de operações Mato Grosso perdeu filhos nas batalhas contra o Paraguai e para os alemães; pelo aspecto positivo a II Guerra Mundial antecipou a colonização de boa parte do território mato-grossense. Lamentavelmente a memória oficial teima em desconsiderar tais fatos.

Insistir por reconhecimento aos heróis da grande guerra do continente é malhar em ferro frio, muito embora se faça necessário reconhecer que o Barão de Melgaço é reverenciado e que alguns combatentes viraram nomes de ruas em bairros seculares cuiabanos. Sobre a FEB o desprezo é total: uma avenida importante em Várzea Grande (que esteve sob risco de mudança de nome) e uma pracinha numa Cohab em Cuiabá – nada mais; individualmente, apenas o herói Luiz Geraldo da Silva, sargento que deixou seu sangue na Itália, teve sua façanha imortalizada com a denominação do estádio de Cáceres: “Geraldão”.
O torpedeamento de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães levou Getúlio Vargas a planejar a mudança da capital da República para o Brasil Central. Para tanto, criou a “Marcha para o Oeste” sob a batuta da Fundação Brasil Central e coube ao coronel do Exército Flaviano de Mattos Vanique o comando da expedição em busca da área para a cidade que seria a sede dos poderes.

O nome Vanique é estranho para Mato Grosso. Quando muito é citado em referência a um rio no Intervales – região situada entre a margem esquerda do Araguaia e a direita do Xingu. Sua memória fica restrita a Nova Xavantina, que nasceu do projeto para a nova capital. Barra do Garças reverencia a memória do ministro da Mobilidade Econômica (arrecadava fundos para a guerra) João Alberto Lins de Barros e só.

Submarino é extremamente perigoso e o marechal Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, temia que essa arma torpedeasse o Rio. Puxando brasa para sua sardinha mato-grossense, Dutra convenceu Vargas e a transferência somente não aconteceu porque os Aliados derrotaram a Alemanha quando Vanique rasgava o sertão no rio das Mortes.
Em paz, mas em consequência da guerra, Mato Grosso ocupou um imenso vazio na área do Intervales. Cenário do exercício diário da vida, a cada nascer do sol aquela região presencia a continuação da indiferença das autoridades mato-grossenses com a memória de Vanique, o militar que levou a nacionalidade para o coração do Brasil. Viva Nova Nazaré, Nova Guarita, Nova Olímpia, Nova Bandeirantes, Nova Brasilândia, Nova Canaã do Norte etc. – na terra onde não prevalece o ditado, “Mateus, primeiro os teus”.

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Mato Grosso
[email protected]

 

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