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Cuiabá, sofrida e amada

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Em 1950, Cuiabá tinha 50 mil habitantes. 57 mil em 1960 e 100 mil em 1970, 213 mil em 1980 e 556 mil em 2012. Cresceu, portanto, 1.112% desde 1950. Traduzindo: de 1950 até 2010 dez novas cidades se construíram em cima daquela pequena Cuiabá.

Foram migrações de todo o Brasil vindas na esteira da ocupação da Amazônia a partir de 1973, e mais migrações internas vindas do fim dos garimpos de ouro e de diamante de cidades como Poxoreo, Guiratinga, Alto Paraguai, Nortelândia, Arenápolis, do estado de Rondônia e de gente que migrou e não deu certo nas novas regiões. Sem força pra voltar às origens, aportaram em Cuiabá e ficaram.

Os antigos cuiabanos moravam em casas no centro da cidade e nos bairros adjacentes. Mudaram-se para bairros novos de classe média como Santa Rosa, Shangrilá, Jardim das Américas, Califórnia, Duque de Caxias e de lá para apartamentos anos 1990. Já os mais pobres mudaram-se para conjuntos habitacionais como CPA 1, 2, 3 e 4, Tijucal etc.

Ao lado desses, as invasões urbanas marcaram o surgimento de bairros próximos e longe do centro, sem a mínima organização.E a cidade mudou de cara. Melhorou e piorou…!

Essa cidade chega aos 294, bastante desfigurada, 41 anos depois do começo das migrações. Faltou-lhe planejamento urbano, não se cuidou da urbanização, não se cuidou do rio que lhe dá o nome e a identidade. Os primeiros que chegaram foram chamados de "paus rodados" pelos cuiabanos.

Seus filhos, já misturados com os "paus nascidos" foram chamados de "paus fincados" e hoje já não vigoram mais os "paus". Todos somos cuiabanos. Quem chegou com 20 anos já é até avô de "pau nascido". Mas a cidade sofreu e ainda sofre muito com toda essa desfiguração territorial, de urbanização e com a desordem da falta de planejamento.

A bem da verdade, tempo pra planejar houve. O que faltou mesmo foi compreensão das sucessivas gestões da capital para essa dinâmica que estava se construindo ao longo desses 40 anos.

Hoje, Cuiabá uma cidade de visão larga, porém, tratada com muito menor cuidado do que merece a sua condição de capital de um estado que cresce muito e deverá se tornar uma potência dentro do Brasil nos próximos anos. Ainda não é de todo tarde pra consertar tudo isso.

Até lá, todos conviveremos com essa defasagem histórica.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

 

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