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Criatividade que gera riqueza

Jefferson Daltro
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Olhar para o futuro de Mato Grosso é debater a importância do desenvolvimento dos seus municípios enquanto ‘Smart Cities ou Cidades Inteligentes’. Esse é um conceito consolidado globalmente sobre desenvolvimento sustentável, ele movimentará só em soluções tecnológicas US$ 400 bilhões até 2020, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), gerando emprego e renda pela economia criativa.

Para exemplificar o poder da criatividade que cria riquezas, convido-o a fazer uma viagem no tempo pelo Rio Cuiabá, local onde Mato Grosso começou e onde ocorreram acontecimentos singulares para a história e economia do Estado. Embarcarão conosco o passado, o futuro, o presente e o meu amigo Erasmo, o turista, que será o protagonista.

O ano é 2088, o lugar é São Gonçalo. Foi lá, em 1688, que Antônio Pires de Campos aportou com sua canoa às margens do rio da lontra brilhante, chamado Kyyaverá. Levei meu amigo Erasmo para comer um pacu assado como manda a tradição. O banquete foi na chalupa de Nhára Preta, que fazia linha até o Porto de Cuiabá, nossa próxima estação.

A grande proa do barco era toda transparente, mais parecia um telão. Mas para o amigo viajante, ver um rio verdejante era o que lhe chamava a atenção. Sua maior alegria ao saborear a iguaria era ver à luz do dia que por ali não havia sinal de poluição, o resíduo da cidade com toda dignidade era tratado na região.

Na curva do rio surpresa e tensão: guerreiros nativos bravios diziam serem os donos da seção.Batiam boca sem parar até que Cacique Guerreiro falou: “Por aqui não podem passar!” Mas mudaram de direção ao ali chegar outra embarcação. Era Pascoal Moreira Cabral, o fundador do Arraial, que acabou com a confusão.

Mas, ao surgir um vapor, Erasmo voltou ao temor: Salto Guaíra era a nau que veio tomar Cuiabá a mando do Paraguai. Erasmo ao ver os soldados ficou muito angustiado e soltou seu vozerão. E para o bem do Erasmo o Guaíra foi parado pelo Jaurú e o Antônio João, vapores armados a bala de fuzil e de canhão, e o inimigo então desistiu da sua brutal intenção.

Erasmo estava mais aliviado, sua vida podia ter ali terminado, mas junto comigo chegou lá no Porto, assim meio reto, assim meio torto, e ainda um pouco mais desconfiado. Foi ele então logo recepcionado por um homem alto, bem paramentado. Chamava-se Dom Aquino, Presidente do Estado, que também vinha a ser sacerdote e letrado.

Era oito de abril e Aquino falou, dos tempos de menino e nos convidou. Queria que o meu amigo Erasmo, que vinha das terras lá da realeza, pudesse em nome de Vossa Alteza falar nessa grande ocasião. Então o amigo já meio sem jeito, sentiu palpitar um ardor no seu peito, olhou para Bispo e aceitou a missão.

Soaram os clarins triunfais bem ao alto, e viu o Erasmo que estava em um palco, Cacique Guerreiro ali ao seu lado, também Nhára Preta, Pascoal e o Soldado. Ao som do rasqueado, sem gritos de guerra, em vez de discurso e sem mais espera, Erasmo ganhou um abraço apertado, uma viola de cocho, um ganzá e uma cruz, um pau de guaraná de ralar e uma benção do Senhor Bom Jesus.

A acolhida deixou sua emoção logo à vista, Erasmo ganhou Cuiabá e os cuiabanos ganharam o coração do turista! Erasmo apertou minha mão e falou: “A felicidade é turista, mas aqui ela é natal, a todos vocês o meu muito obrigado, estou maravilhado com a Cuiabá Digital!”.

Proporcionar ao turista uma interação virtual com as personagens que deram identidade à cultura de Mato Grosso é um desafio que gerará valor. A viagem no tempo é ficção, mas a construção de Museus Virtuais, por que não? Outro Erasmo, o amigo do Rei, inspirado cantou palavras sabias do poeta Gonzaguinha: “Esse tempo vai passar, não se desespere não, nem pare de sonhar, vamos lá fazer o que será!” Vamos lá?

Jefferson Daltro, estuda Criatividade Exponencial no Instituto de Física da UFMT, é mestre em Estudos de Cultura Contemporânea, apóia o projeto Radar da Inovação da Sedec e Unemat, e integra a equipe do Parque Tecnológico da Secitec.

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