sexta-feira, 26/julho/2024
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Chorar não adianta

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Existe uma crise – todos concordam. Vai durar muito? Só divergimos quanto ao prazo. Também se discutem as responsabilidades. Houve fraude? Foram inconseqüentes? Parece que sim. Desligaram-se os controles? Tudo indica. E assim por diante, um monte de acusações e caça aos culpados e até de alguns bodes expiatórios. Por exemplo, o coitado do Bush que sempre acreditou Paris ficar no Texas e que todo o mundo agora chama de incompetente – que poderia lá ele fazer se “sumidades” econômicas, professores e consultores (até prêmios Nobel ) e poderosos grupos financeiros não lhe alertavam a respeito – muito ao contrário , se calaram, por astúcia ou ignorância -, enquanto o “tsunami” se aproximava ?
Ora, porque não concordarmos todos que a Crise foi e é afinal e, antes de tudo, um fenômeno de amoralidade e ausência de ética – de esquecermos que nosso direito e necessidade terminam onde começa os dos outros -, fingindo não saber- que se alguém ganha, alguém em conseqüência perde e quando se ganha exageradamente muito, o mesmo ocorre, de sinal trocado. A todo débito corresponde um crédito, já assegurava há muito Frei Lucca Paciolo.

Mesmo com a foto esmaecida, confusa, vamos parar de chorar e apresentar uma proposta. Mais especificamente, por que não se cria, por exemplo, um “Certificado de Responsabilidade Social“ – ou algo parecido -, para as empresas que realmente quiserem fazer alguma coisa , além de simplesmente espernear e pedir mais dinheiro?

Funcionaria assim: o governo concederia estímulos creditícios e fiscais, benefícios cambiais e preferência em fornecimento aos governos. Em troca, as empresas se comprometeriam em não despedir seus efetivos – além de determinada cota e por um prazo específico, principalmente, nos setores mais críticos e para os níveis hierárquicos menos elevados – até três ou quatro salários mínimos, por exemplo.

Quixotesco? Por incrível, isso até já funcionou. No Brasil, há cerca de 40 anos, o ministro Roberto Campos propôs um pacto para conter a explosiva inflação. As empresas se comprometiam manter estáveis seus preços estáveis por 10 meses em troca daqueles estímulos e preferências. A adesão ao pacto foi liderada pela indústria automobilística, que, pela sua importância, trouxe a reboque os fornecedores (aço, pneus, borracha, plásticos, têxtil…) e estes foram puxando a adesão à CONEP dos petroquímicos, alimentícios…Para ficar num exemplo de passado recente.

Entre as inegáveis vantagens de tais medidas é que elas transfeririam os ônus da “acomodação” – que a Crise vem imperiosamente exigindo -, do Governo para o Setor Privado, da iniciativa estatal de salvação pública para a racionalidade mais cuidadosa e efetiva dos administradores empresariais, do atacado de medidas populistas e bombásticas para o varejo das iniciativas pontuais e objetivas.
Ficam o comentário e a sugestão. Para grandes males, homéricos remédios. Continuamos a chorar o leite derramado ou construímos novas oportunidades, realimentando corajosamente mais e melhor nosso plantel leiteiro?

Ismael Lemes Vieira Júnior é administrador de empresas em Sorriso, pós-graduado em docência no ensino superior e especialista pela Fundação Escola do Ministério Público de Mato Grosso.

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