Como brasileira encontro-me num triste estado de desolação e solidão.
Para mim, assistir os noticiários, tornou-se um doloroso calvário diário. Neles, vejo políticos, legítimos representantes do povo, usurparem descaradamente os cofres públicos diante de mais de 160 milhões de brasileiros e nenhuma manifestação percebo..
Onde estão os cara-pintadas da década de 90? Onde estão os sindicatos dos trabalhadores? Onde estão os estudantes? Os professores? Os empresários? As donas de casa? Por que esse silêncio?
É um doloroso, vergonhoso e triste silêncio.
Como mãe e professora, sinto-me na obrigação de fazer algo. Nesta carta quero dizer a todos os ladrões do BRASIL que me envergonho muito de um dia ter, de alguma forma, contribuído para que assumissem cargos políticos e que ao lá chegarem tornaram-se ratazanas vorazes, roedores insaciáveis da auto-estima, de dignidade e da cidadania da minha Nação.
Vi na televisão uma senhora dizendo que para defender sua família,” beeela” família, transforma-se numa leoa. Foi até aplaudida. E as outras senhoras, leoas brasileiras, onde estão agora? Por que não vem a público, como leoas, defender suas filhas e filhos, esposos, amigos, familiares que trabalham para ganhar o seu pão sem precisar assaltar os cofres públicos? Tenho a impressão de que algo paralisou o meu povo. Decepção? Desânimo? Desprezo? Nada justifica essa inércia coletiva. Precisamos, de alguma forma, manifestar a nossa indignação.
Acredito que podemos ser pacíficos sem sermos passivos. Podemos ser humildes sem sermos covardes. Podemos ser acomodados sem sermos omissos.
Antes de terminar esta carta quero pedir a Deus que amaldiçoe todos os políticos e ladrões do povo brasileiro. Que Deus amaldiçoe também as suas famílias que pactuam com toda essa vergonha. Sejam amaldiçoados pais, mães, filhos e irmãos desses políticos ladrões. Que a descendência deles seja extirpada do meu País.
Num doloroso delírio penso que estes monstros não podem ter sido oriundos de uma família. Penso que podem ser monstros de laboratório.
Por minhas filhas, se me omitir agora, estarei dando um péssimo exemplo à elas.Estou um pouco assustada porque sinto-me sozinha neste momento, mas, por amor ao meu País não posso mais me calar.
SINTO-ME SÓ, MAS ACREDITO QUE NÃO ESTOU SÓ.
Zenaide Maria Manfrin, professora de administração de empresas, gestão de agronegócio, gestão de pessoas e orientação de estágio supervisionado.