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Carta aberta ao Governo do Estado de Mato Grosso

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Guerra em Lucas do Rio Verde
É difícil começar escrever um texto com a intenção de tornar público um acontecimento que entristece a cidade que amo e onde moro, porém, sendo cidadão Luverdense há mais de 20 anos, me sinto no dever de usar todas as ferramentas disponíveis para tentar melhorar nossa realidade. Difícil também é manter a diplomacia no uso das palavras quando o sentimento é de imensa revolta em relação ao assunto tratado.
Em seu artigo 144, a Constituição Brasileira define que “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos” e é este o tema dessa carta, pois não é justo, aliás, não é humano uma sociedade tão ordeira e trabalhadora passar pelo que passa hoje no Estado de Mato Grosso, especificamente em Lucas do Rio Verde. Os cidadãos estão entregues a bandidos das piores espécies e já nem se preocupam em preservar seus bens, mas sim a vida diante de tanta violência e falta de segurança.

A ausência da força do Estado é assustadora, onde poucos heróis policiais colocam suas próprias vidas em risco em prol da cidade, numa batalha desleal contra a bandidagem que sempre está muito melhor equipada e em maior número que o nosso deficiente, quase inexistente aparelho de segurança. Sendo responsabilidade de todos, vejo a segurança pública em Lucas do Rio Verde sendo tratada com extrema preocupação pela sociedade e autoridades da cidade, no entanto, o Governo do Estado de Mato Grosso tem se mostrado incapaz de atuar no município onde, outrora o senhor Governador pedalava tranquilamente pelas ruas, digo outrora porque hoje, com certeza teria seus pertences furtados em pleno centro da cidade.

O município tem se mostrado eficiente no quesito desenvolvimento, gerando riquezas para todo o estado e como “prêmio” os cidadãos de todas as classes sociais que aqui residem estão recebendo humilhações de toda espécie juntamente com suas famílias quando são trancafiados em suas próprias casas, entregues a própria sorte, desejando que os bandidos “apenas levem” bens materiais e não os machuquem. A guerra que o desenvolvimento gera na cidade já vem há muito tempo sendo anunciada, pois autoridades do Estado já vieram ao nosso município para participarem de Conferência sobre Segurança Pública, organizada pela sociedade de Lucas do Rio Verde, no entanto, nada foi feito para se antecipar ao problema. Igualmente, de nada tem adiantado as autoridades locais e regionais fazerem comitivas à capital Cuiabá para tentar pelo menos amenizar o problema. O Executivo local, com aprovação do Legislativo se empenha no que está ao seu alcance, inclusive aprovando verbas para auxiliarem na manutenção das policias, o retorno do Governo do Estado é que falta.

Recentemente uma incompetente equipe do Governo do Estado não foi capaz de realizar um concurso público onde muitas das vagas seriam destinadas à Segurança Pública. Já fui secretário de administração do meu amado município e sei dos entraves burocráticos para a realização do novo concurso, no entanto, sei também que quando a situação está fora de controle, como agora, atitudes emergenciais podem ser tomadas. Estamos sim em SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA, amedrontados, em desespero, PEDINDO SOCORRO e buscando simplesmente viver em paz.
Revolta, indignação, sentimento de impotência diante dos fatos e civismo foram os sentimentos que me levaram a escrever esta carta. A guerra continua e estou usando apenas uma das minhas trincheiras para enfrentar este inimigo (VIOLÊNCIA) que o lindo Estado de Mato Grosso, ou é covarde e se acomoda ou assume sua incompetência e não combate.
Sinceramente, continuarei esperando uma solução mesmo que tardia.
Lucas do Rio Verde, 31 de dezembro de 2009.

Eliseu Sávio Diniz – cidadão luverdense e vereador

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