terça-feira, 19/março/2024
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Árvores, os pilares do céu

Paulo Molina Monteiro, arquiteto e urbanista, membro da Academia de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (AAU-MT)
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Gostaria de contar a história do tempo que as árvores nos contam. Há 500 milhões de anos, os seres unicelulares que possuíam clorofila, começaram a realizar a fotossíntese, fizeram a Revolução Cambriana, o Big Bang da vida, enchendo a atmosfera de oxigênio, criando uma imensa profusão de vida em suas maravilhosas cores e formas, a vida recriando o céu.

Na infância da história da nossa espécie, vivíamos sobre elas e em volta delas. Do tronco da família dos primatas, nos separamos do ramo dos Símios e nos tornamos do gênero Homo, e na espécie Homo Sapiens. Em volta do fogo, feito na queima de seus galhos, nossos antepassados compartilharam o conhecimento sobre o mundo natural, o pensamento, e a imaginação.

Sempre com o mesmo fascínio pelo mistério da criação, criamos a tradição oral, as narrativas, a mitologia como forma de decifrar e entender os vínculos secretos da natureza e sua fascinante alquimia. Eles dançavam em volta do fogo central, como os planetas orbitando o Sol.

No Paraíso, no Jardim do Éden, a árvore proibida por Deus nos seduziu, a curiosidade, ao conhecimento e a consciência, em uma nova temporariedade, um “deley” pela perda da inocência. Já para os gregos, o Paraíso era os Campos Elíseos (Le Champ Elysee). Na mitologia grega, berço da nossa cultura ocidental, a árvore de oliva era o símbolo de Atena, Deusa da sabedoria, que enviou Perseu em sua barca de madeira pra decapitar a Medusa, símbolo da ignorância.

No Livro Edda, da mitologia Nórdica, existia a árvore Yggdrasil o gigantesco freixo que sustenta e conectava os nove mundos, entre eles, Asgard, o jardim da família dos deuses e Midgard, o Jardim do meio, era o lar da humanidade. Da folha das árvores foram feitas as bibliotecas de Alexandria e a grande biblioteca assíria de Assurbanipal, que iluminaram do oriente ao ocidente.

No Jardim de Woolshorpe, a macieira de Newton o inspirou a escrever o livro Principia, Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, sua nova teoria do mundo, aplicável a qualquer objeto no universo, e que explica o movimento de todos os corpos desde os da Terra até as estrelas, como flutuam a partir da força invisível da gravidade.

Charles Robert Darwin com a sua Árvore da Vida, filogenética, escreveu a Origem das Espécies, demostrando com sua geometria que a vida emergia de um tronco principal e se ramificava em uma maravilhosa diversidade submetida à seleção natural. E quando vamos ao núcleo da vida na Terra, descobrimos que as proteínas que controlam a química da célula e a espiral de ácidos nucleicos, macromoléculas que levam à informação hereditária, são absolutamente idênticas em todas as plantas e animais do planeta. Há Semelhança num nível mais profundo, na base molecular da vida. Qualquer árvore poderia ler nosso código genético.

A nossa agenda de Mudanças Climáticas nos faz questionar novos caminhos. Desde a revolução Industrial nós retiramos de baixo da terra os fosseis, que queimamos em combustíveis e jogamos no ar o CO2 (gás carbônico), causando o aquecimento global. No entanto, as árvores, na fotossíntese, sequestram o carbono da atmosfera de volta à sua matéria em seus troncos, revertendo este desequilíbrio.

No urbanismo, há mais de cem anos, Le Corbusier, um dos pais da arquitetura moderna, propôs que as cidades deveriam se transformar em parques: as “Cidades Jardim”. Frank Lloyd Wright, também há mais de cem anos em seu modelo de urbanismo Naturalista, criou o a “Broadacre City”, as cidades Tecnológicas e Verdes.

Seria razoável supor que quanto mais sabemos sobre o mundo, mais perto estaríamos de um destino final, no fim da estrada chamada de Teoria de Tudo ou Teoria Unificada da Natureza, mas inspirador é saber que temos tudo a aprender, do alto de seus galhos no quintal da vida, haverá sempre o menino, contemplando com lirismo os frutos que o tempo trará. Feliz dia da árvore!

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