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A volta da inflação

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O IPCA acumulado dos últimos doze meses atingiu em abril a marca de 6,51%, ultrapassando, assim, o limite máximo da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central para 2011, que é de 4,5%, com variação de dois pontos percentuais para cima ou baixo. Notícias publicadas pela grande imprensa nacional deixam claro que o governo, de fato, perdeu o controle da inflação e está à deriva, a ponto do Ministro Mantega defender, como se possível fosse, uma inflação alta e controlada.  Ao sinalizar, em audiência no Senado, que a nova meta tolerável de inflação é o limite máximo da meta estabelecida pelo BC para 2011, ou seja, IPCA de 6,5%, quando o lógico seria trabalhar para que o referido índice retornasse para o centro da meta, que é 4,5%, o Ministro da Fazenda demonstrou cabalmente que já jogou a toalha, aceitando que não há mais como controlar a inflação neste ano. O seu objetivo agora é não deixar que os preços ultrapassem o limite máximo de 6,5%. 

A tolerância do Ministro pode custar caro, pois não leva em consideração que a inflação de hoje passa a ser a referência dos reajustes dos preços de amanhã, mormente numa economia indexada como a brasileira.  Logo, se a inflação de 2011 atingir 6,5%, esse índice reajustará todos os contratos e, automaticamente, passará a ser o centro da meta para 2012, e assim, sucessivamente. Veremos retornar a espiral inflacionária crescente, fantasma que assombrou a economia brasileira no passado.

O mais preocupante é que o Ministro tem dado demonstrações claras de não saber o que fazer para reduzir os preços. As medidas que ele anuncia constantemente: estímulo ao aumento da produção agrícola de alimentos; a desoneração dos investimentos; a redução dos gastos públicos e aumento da tributação para controlar a entrada de capitais estrangeiros, são medidas genéricas e desconexas, que não guardam entre si nenhuma sinergia com um eficaz plano de combate ao aumento dos preços. 

Por não saber o que fazer, o Governo está agindo como o marido que pegou a mulher transando com o vizinho no sofá da sala e tomou uma decisão drástica. Vendeu o sofá para resolver o problema. Quer desindexar a economia.
A proposta, segundo declarou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland é estimular a sociedade a trocar os indexadores dos contratos, que colaboram com o aumento do IPCA – índice oficial de inflação e que baliza a política do Banco Central. É a volta da velha forma heterodoxa de tentar expurgar dos índices aqueles preços que sobem sazonalmente. Isso já foi tentado e não deu resultado.
Não me surpreenderia se brevemente fossem propostas aquelas velhas políticas de tão triste lembrança: congelamento dos preços, tablita, troca de moeda de real para real novo, etc.

Waldir Serafim é economista em Mato Grosso
[email protected]

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