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A revolução das máquinas e dos empregos: criador ou exterminador do futuro ?

Eduardo Chiletto, arquiteto e urbanista, presidente da AAU-MT
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A natureza do trabalho está mudando, isso é um fato. Mas como a automação e digitalização afetam os negócios? As mudanças na demanda e habilidades exigem maiores investimentos em capital humano fundamental. Então, por onde o governo de Mato Grosso pode começar?

As inovações e o progresso tecnológico sempre causaram perturbações na humanidade. Desde o século 18, na primeira revolução industrial, a ideia de que as máquinas estão chegando para assumir nossos empregos sempre foi motivo de preocupação. Entretanto, as inovações criaram mais prosperidade do que destruíram empregos.

A tecnologia está gerando oportunidades, abrindo caminhos para novos tipos de empregos, aumentando a produtividade e melhorando a prestação de serviços públicos. Quando consideramos o escopo do desafio de nos prepararmos para o futuro do trabalho, é importante entender que muitas crianças atualmente na escola primária trabalharão em empregos que não existem hoje.

Afinal, temos que focar onde? No capital humano. Muitos empregos no futuro exigirão habilidades específicas em uma combinação de know-how tecnológico, resolução de problemas e pensamento crítico, além de habilidades como perseverança, colaboração e empatia.

Em Mato Grosso, a inovação continuará se acelerando e precisamos tomar medidas rápidas para garantir que possamos competir na economia do futuro. Precisamos investir nas pessoas com urgência, especialmente nas áreas da saúde e educação, que são os alicerces do capital humano, para aproveitarmos os benefícios da tecnologia.

No Banco Mundial existe um projeto de capital humano que mede as consequências da negligência em investir em capital humano, em termos de produtividade perdida da próxima geração de trabalhadores. Nos países com os menores investimentos de capital humano atualmente, a análise sugere que a força de trabalho do futuro será de apenas a metade da produtividade que seria possível se as pessoas desfrutassem de saúde e recebessem uma educação de alta qualidade.

Quatro em cada 5 pessoas nos países em desenvolvimento, como no Brasil, nunca souberam o que significa viver com proteção social. No mundo, com 2 bilhões de pessoas trabalhando no setor informal, desprotegidas pelo emprego estável, pelas redes de segurança social ou pelos benefícios da educação, novos padrões de trabalho estão se agregando a um dilema que antecede as últimas inovações.

Precisamos criar novas maneiras de investir nas pessoas e protegê-las, independentemente de sua condição de emprego. Isso pode ser feito com as reformas setoriais certas, como acabar com subsídios inúteis, melhorar as regulamentações do mercado de trabalho e revisar as políticas tributárias. Investir em capital humano deve ser uma prioridade para chefes de estado.

O que Mato Grosso pode fazer? Investir em capital humano, especialmente em grupos desfavorecidos e na educação infantil, para desenvolver as novas habilidades cada vez mais procuradas no mercado de trabalho, como habilidades cognitivas e sociocomportamentais de alta ordem e aprimorar a proteção social, para garantir cobertura e proteção universal que não dependem totalmente do emprego remunerado formal.

A tecnologia está sim abrindo caminho para criar novos empregos, aumentar a produtividade e melhorar a prestação de serviços públicos. E em 2020, a PAGE (Partnership for Action on Green Economy) financiará para Mato Grosso, através a Organização Internacional do Trabalho (OIT), coordenado pela Secretaria Regional do Trabalho e em parceria com a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), a implantação da “Política de transição da escola para o trabalho”.

Essa proposta é voltada para a Economia Verde e os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU – e coloca Mato Grosso como protagonista de importantes transformações sociais, econômicas e ambientais.

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