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A ferrovia que Dilma prometeu ao Centro-Oeste

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O plenário estava cheio de produtores locais, políticos da região, prefeitos e parlamentares, com a Senadora Serys (PT-MT), o governador Blairo Maggi, o ministro interino da Pasta de Trnasportes Paulo Sergio Passos, o vice de Blairo, Silval Barbosa, também candidato ao governo, o representante do estado vizinho Goiás, o dep. Federal Wellington Fagundes, vários deputados estaduais, como Ademir Brunetto (PT-MT) e muitas lideranças de associações de produtores, além de representantes do BNDES e da VALEC, estatal projetista e executora de ferrovias.  O “dono” da festa era, no entanto, Luiz Antonio Pagot, diretor geral do DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (ex-DNER) a quem se homenageava por ser a pessoa que muito batalhara em Brasília, fora e dentro do seu cargo, para colocar o Mato Grosso no mapa da expansão dos modais nacionais de transporte.

A ministra e pré-candidata Dilma Roussef tinha agendado e confirmado presença. Seria a chave-de-ouro do encontro. No entanto, convocada a cumprir agenda do presidente Lula, que estava em visita a Israel, Dilma não compareceu, enviando, não obstante, um recado através de Blairo Maggi, que despertaria o aplauso mais caloroso da manhã: a ferrovia do Centro-Oeste vai entrar na lista prioritária do PAC 2.

O significado dessa promessa é enorme para a região produtora de grãos de todo o norte do Mato Grosso. Lá se produzem hoje, anualmente, cerca de 18 milhões de toneladas de soja (1/3 do total nacional) e 9 milhões de milho. A projeção é de um crescimento de 50% para a soja e de quase 100% para o milho no período da próxima década. Tais projeções não levam em conta o impacto da ferrovia como fomentadora da produção de outros produtos agrícolas, bio-combustíveis, insumos, minerais e produtos manufaturados, além, claro, de transporte de pessoas. Para quem está preocupado com o desmatamento uma boa notícia: a maior parte do crescimento derivará de aumentos de produtividade e não de expansão de área, sendo que uma parte desta, será por conversão de extensas terras de pastagem para as lavouras.

 O progresso a ser trazido pela nova ferrovia não se mede apenas pela significativa redução do custo de transporte até os portos do centro-sul do País, que lá do norte do Mato Grosso chega a comer quase 40% do valor da safra, reduzindo a zero a rentabilidade de uma produção altamente tecnificada, que mereceria um prêmio por sua qualidade e eficiência. O retorno hoje, vai embora de caminhão, poluindo mais de 2000 km, por estradas esburacadas, provocando mortes aos milhares, quase um genocídio, e espalhando o produto às margens do asfalto até chegar num porto congestionado, atrapalhando São Paulo e a vida dos paulistas.

Vai mudar. Com a Ferrovia do Centro-Oeste – 1000km de trilhos que ligarão Lucas do rio Verde a Campinorte, na Ferrovia Norte-Sul , que Lula quer concluir até o fim do ano 2010, ( parece mentira, mas vai sair!)  –  os produtos do mato Grosso poderão ser exportados pelos portos do norte do País, o que é muito mais racional e, óbvio, mais barato.

Dilma não conseguiu chegar a Lucas, para o lançamento da Ferrovia, mas sua mensagem de esperança e determinação chegou até lá. A construção da Ferrovia do Centro-Oeste já tem parceiros de fé: na reunião se lançou a ideia de os produtores utilizarem uma parte das futuras economias em custo de transporte para investir na ferrovia, tornando-se sócios e eventuais operadores da via, de modo a garantir sua eficiência operacional. Se isso acontecer, é sinal de que um novo Brasil está de fato surgindo.  

 Paulo Rabello de Castro é doutor em macroeconomia

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