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A culpa é do Valério

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Tenho feito algumas palestras e mídia-trainnings ultimamente, e, não-raro, ocupo boa parte do tempo para tratar de uma verdade do senso-comum entre políticos, empresários e líderes corporativos em geral: quando alguma coisa vai mal, a culpa sempre é da comunicação.

Concordo. Como diz um autor que aprecio muito, Chico Viana, se a comunicação não é parte da solução de políticos, empresários e líderes corporativos, fatalmente será parte de seus problemas.

E a concordância pára por aí. Normalmente, o que esses líderes tomam por problema de comunicação é o fato de não aparecem na mídia, de aparecerem pouco ou de receberem críticas.

Essa noção é vesga e equivocada. A imprensa abre espaço proporcionalmente à importância das notícias que alguém ou algo é capaz de produzir. Nem mais nem menos. E criticar é mesmo seu papel e responsabilidade social. Isso em linhas gerais, obviamente.

Só teremos condições de saber se a comunicação tomou parte nas soluções ou nos problemas de uma corporação se tivermos uma atitude comunicacional consciente.

Algumas perguntas nos ajudam a compreender isso. Primeiro, temos um planejamento em comunicação? Sabemos o que queremos comunicar? Para quem? Por que meios? Com que linguagem?

Enquanto não se compreender isso, melhor dar uma chance para a comunicação, ou chamar alguém que compreenda para ajudar.

Veja-se o caso da crise política. Não é incomum culparem o Marcos Valério pelos desvios de recursos públicos milionários. Claro que ele tem alguma culpa sim, isso é inegável.

Mas, quem lhe deu o dinheiro? Para que? E quanto devolveu aos verdadeiros corruptos?

Na verdade, o Marcos Valério se utilizou de uma “tecnologia” que não foi inventada por ele e que impera no Brasil de ponta a ponta. A legislação criou os contratos chamados “guarda-chuva” para a área de publicidade oficial, para agilizar a operacionalização dessa verba. Mas, os políticos aprenderam rapidamente que esses contratos são uma mão na roda para se levantar dinheiro rápido e de forma legal. Logo, normalmente muitos problemas vêm sendo resolvidos, aqui e alhures, através dos contratos de publicidade guarda-chuva.

Nem todos os governantes adotam essa prática, e nem todos os publicitários, ressalve-se. Mas, se o governante não exigir ou permitir, não há como o publicitário fazer isso às escondidas do cliente.

Como vemos, não é tão simples jogar toda a culpa do “valerioduto” no Marcos Valério. Assim como não é tão simples, tampouco eficaz, jogar sempre a culpa na comunicação.

 
Kleber Lima é jornalista em Mato Grosso

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