Em nossa região Norte do Mato Grosso, cada vez mais, está evidente a necessidade de adotar sistemas de desenvolvimento sustentável, econômico e bem estar social provocado pelas polêmicas discussões em torno da região amazônica para o controle e preservação ambiental, assim como, a eliminação de trabalhos escravos e semi-escravos. Teremos que aprender a aprender em nova ordem das coisas, a reinvenção e evolução da gestão estratégica para novos rumos e novos mercados emergentes.
É preocupante saber que estão tentando mudar em alguma parte da esfera governamental, para que o Estado de Mato Grosso fique excluso da Amazônia Legal. Ao contrário de como muitos pensam, não levaremos vantagens nenhuma nisso, e sim, perderemos uma grande arma de uso estratégico, um grande atributo-chave para captação de recursos que estão respaldados em medir e atribuir valores de índices de desenvolvimento sustentável. Se isso ocorrer, perderemos o nosso foco, a nossa vocação maior da busca da diversificação auto-sustentável, em troco de produção de commodities, que não remunera os produtores locais, degrada o meio ambiente, prolifera a monocultura e aumenta o sacrifício da sociedade da região, perdendo a qualidade de vida.
Precisamos para a nossa região, incentivar e desenvolver sobremaneira, a produção de manufaturados e agregar valores aos produtos agropecuários, amenizando assim o agravante da falta de logística, gerando mais empregos, renda e qualidade de vida. É preciso desenvolver mega-projetos para pequenos empresários também e não somente mega-projetos para grandes. Para onde objetivamos chegar? Como chegaremos? Que caminhos percorrer? O termo sustentabilidade nos mostra uma radiografia muito clara sobre a questão do meio ambiente e problemas sociais, mas será que é só isso? Vemos todos os dias moralidades e éticas abandonadas. Enquanto não nos despertarmos para a busca da ética e moralidade, não conseguiremos reerguer o “….gigante pela própria natureza, porque permanece deitado em berço esplêndido….”.
Vimos recentemente na mídia mundial a “grande descoberta” de outro planeta semelhante às características físicas da Terra. De fato é um grande marco na história da humanidade e da era espacial. Mas será que de fato isso é importante enquanto o mundo se fala tanto em aquecimento global e ainda parecemos e perecemos perdidos sem saber o que fazer? São tantas opiniões, são tantas incertezas e declarações científicas que ficamos paralisados. Por que em vez de partir para buscar um novo mundo afora, não vamos partir para consertar o nosso, a nossa casa, o nosso chão?
Muitos fatores nos fazem crer que estamos na era da mudança, a questão a ser lançada é: Sustentabilidade X Globalização e Capitalismo Financeiro. De nada adianta grandes lucros no mundo de hoje se não tivermos o senso da grande essência que é a preocupação pelo ser humano e pela sua evolução. Sim, o mundo financeiro terá que fazer uma nova análise. A relação capital/trabalho tende a ter valoração mais equilibrada, sendo que o respeito e a ética despertada em prol do desenvolvimento humano e as ações para proteger o meio ambiente como atributo-chave, valerá mais do que ações na bolsa.
Além de desperdícios dos recursos naturais não renováveis, também estamos perdendo valores morais e espírito de equipe, estamos ficando cegos diante da demanda que o mundo está pedindo. O isolamento do ser humano está cada vez mais evidente, tendendo ao individualismo e ao egoísmo.
As grandes corporações do mundo atual correm perigo eminente neste mercado competitivo se não se atentarem para projetos sustentáveis urgentes agora e para o futuro. Senão, nada valerá seus ativos atuais num futuro próximo. Mas sim, para outras, terão valor os ativos da sustentabilidade, com a conquista plena da responsabilidade ambiental, social, ética e de princípios morais. Vejo que o Brasil mais uma vez está com grande risco de perder oportunidades novamente, dentre outras, por não usar o desenvolvimento sustentável como uma forte ferramenta e atributo para conquistar novos mercados, através de um planejamento eficaz a longo prazo.
Um exemplo disto, que é claramente um sinal de alerta, onde os futuros países compradores de etanol brasileiro, principalmente os europeus, deram um aviso de exigências para o nosso sistema de produção de álcool, que se não forem acompanhados de programas de desenvolvimento sustentável, proteção ao meio ambiente, segurança do trabalho e responsabilidade social, este produto estará boicotado por estes mercados (Mirian Leitão, Bom Dia Brasil – Mês de Março/2007).
Quando comento sobre atributos da valoração do meio ambiente de trabalho e ao bem-estar do ser humano, que poderá brevemente, valer mais que ações na bolsa, não têm nada a ver com um tipo de profecia, mas uma tendência forte a acontecer e que já está acontecendo em algumas empresas brasileiras mais visionárias e perceptivas do momento atual. Enxergam que o mundo capitalista financeiro, desde a era da revolução industrial até os meados do século 21, que ainda vamos percorrer, passará por ajustes com a sensibilidade destes processos, e o capitalismo financeiro se transformará num período muito curto comparado a toda historia da humanidade.
Estamos entrando numa nova era. O uso de planejamento estratégico, com análises das dimensões conjunturais tem que estar voltado para a Evolução da Natureza Humana em todos os aspectos. Ao mesmo tempo, reações de defesa da essência humana tornam-se cada vez mais intensas. O desenvolvimento de uma nação tende a ser medido por seu desempenho econômico, social e ambiental. O capital financeiro dependerá quase totalmente destes atributos.
Boa parte da elite vem se sensibilizando de que se não a felicidade, pelo menos a justiça da humanidade é responsabilidade da sociedade civil. É nesse futuro que vamos navegar. Sérias mudanças, principalmente, no campo social, médico, tecnológico, sociológico, informático e genético, ainda ocorrerão nesses próximos vinte anos. Por isso, o exercício de estruturar sua incerteza, a capacidade de antecipação e a visão estratégica são capacitações e competências cada vez mais requisitadas.
Portanto é necessário criar um novo foco para o ambiente de vida e de trabalho, não excessivamente como ambiente paternalista, e nem o extremo autoritarismo, mas que através de uma percepção das necessidades do ser humano e tendências do mercado, onde o consumidor busca elementos e produtos cada vez mais comprovadamente oriundos de produções sustentadas em boas práticas e excelência tecnológica que não agride o meio ambiente e as relações de trabalho, sendo assim, poderemos propiciar a sociedade o bem-estar e segurança em seu ambiente, assim como qualidade técnica, produtividade nas empresas e transparência.
Como visão estratégica de futuro, a engenharia de segurança do trabalho nas empresas, também será um atributo muito valorizado pela sociedade e pelos membros governamentais, os quais poderão boicotar produtos no futuro próximo, se fabricados em linha de montagens sem planejamento eficaz para seus funcionários e colaboradores se sentirem em ambiente de conforto, bem-estar, seguros e felizes.
A responsabilidade sócio-ambiental cada vez mais é exigida para as empresas, não por modismo, mas porque o momento mundial está percebendo que a lucratividade não vale a pena sem a valoração da sustentabilidade. Quando falamos em viver com sustentabilidade em Mato Grosso ou no mundo, não falamos somente de produtos, natureza ou projetos sociais, mas sim lembramos também do ambiente em que vivemos. Ambiente este que é composto por seres humanos, ávidos por uma vida melhor.
Amadeu Rampazzo Junior é engenheiro agrônomo e consultor em Sinop e região. Pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Unemat/Sinop.