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8 de março: muito já se fez, há muito para se conquistar!

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Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mesmo com todas as dificuldades decorrentes de uma conjuntura política hostil à classe trabalhadora e, em especial, às mulheres, é preciso comemorar os avanços e conquista das pautas femininas, mas tendo sempre em conta que muito ainda há de ser conquistado.

No campo do trabalho, as desigualdades e injustiças são marcantes. As mulheres recebem, em média, algo em torno de 80% do salário dos homens, mesmo estando desempenhando a mesma função e, se são negras, em torno de 60%. Os cargos de chefia e direção são predominantemente ocupados por homens. No período de 2 anos, após votarem da maternidade, 50% das mulheres são despedidas.

A famigerada reforma trabalhista trouxe graves prejuízos às mulheres e a proposta de Reforma da Previdência praticamente impedirá as mulheres de se aposentar. Além de tudo isso, a maioria de nós, mulheres, temos que exercer a chamada “dupla jornada”, pois parte considerável dos homens não dividem os afazeres domésticos.

Nas relações sociais, as mulheres são as principais vítimas da violência, seja a física, a sexual, a patrimonial ou a psicológica. Em Mato Grosso, os dados são alarmantes, pois somente em janeiro e fevereiro deste ano foram assassinadas 17 mulheres, pelos seus maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados. Isso sem falar dos inúmeros casos de estupros, agressões, tentativas de homicídios. Somente no mês de janeiro deste ano, foram registrados 1.576 casos de ameaças contra mulheres, 34 estupros tentados e consumados e 709 ocorrências de lesão corporal, segundo dados da SESP. 

Já na política, mesmo após 86 anos da conquista do direito do direito ao voto para mulheres e o eleitorado do sexo feminino ser maioria, as mulheres ocupam ínfimos espaços de poder.  Relatório da ONU MULHER, divulgado em 2017 aponta o Brasil em 154º lugar entre 172 países analisados. Já no ranking dos 33 países latino-americanos e caribenhos, ocupa a vergonhosa 32ª posição (9,9% de parlamentares eleitas), estando à frente somente de Belize (3,1%) e muito distante da primeira posição ocupada pela Bolívia (53,1%), ou mesmo da média desta região (28,8%).

A participação da mulher na política no nosso Estado, infelizmente, ainda está muito abaixo da média nacional. Após a conquista do direito de votar e ser votada, em 1932, Mato Grosso só conseguir ter a primeira mulher eleita para a Assembleia Legislativa em 1978, ou seja, após 46 anos, com a grande Sarita Baracat, uma mulher que desafiou seu tempo. Depois, tivemos apenas mais 8 mulheres eleitas: Thais Barbosa, Serys, Zilda Pereira, Professora Verinha, Chica Nunes, Teté Bezerra, Luciene Bezerra e Janaina Riva. Já como suplente, assumiram: Malba Varjão, Ana Carla Muniz e Professora Vilma.

Para a Câmara Federal apenas 3 conseguiram sair vitoriosas: Teté Bezerra (1994), 62 anos após a conquista do voto feminino, Celcita Pinheiro e Thelma de Oliveira. Como suplente, assumiu Thaís Barbosa.

Já em toda história do Senado, tivemos apenas uma mulher representando nosso Estado, Serys Marly Slhessarenko, eleita em 2002, ou seja, 70 anos após a conquista do voto feminino.

Por tudo isso, este 8 de Março, mais do que nunca, será forjado na resistência. Lutaremos por um Projeto Nacional de Desenvolvimento, que gere emprego e renda, que garanta um trabalho decente e salários iguais para as mulheres e homens, que derrube retrocessos na Reforma Trabalhista e na da Previdência. Lutaremos pelo fim da violência, do preconceito e da discriminação de gênero.

Maria Lúcia, professora ex-reitora da UFMT

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