Um novo modelo de comunicação via satélite vai proporcionar a totalização dos votos no mesmo dia da eleição no Estado do Mato Grosso. A confirmação foi feita pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Antonio Bitar Filho, ontem, em Sinop, durante o encontro com juízes eleitorais de todo o Nortão.
“Nunca ocorreu no Mato Grosso já que não havia condições devido as distâncias de regiões, de meios de comunição e transferência dos resultados. Hoje nós temos a mídia, os aparelhos eletrônicos”, destacou. O repasse do resultado da votação nesses locais será feito por 47 telefones via satélite, fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que serão instalados em seções eleitorais mais distantes das sedes de apuração.
“Esses telefones darão, no mesmo dia, o resultado para a central que repassará o resultado geral. Se acontecer isso e não houver imprevisto de ordem técnica, estaremos dando o resultado do Mato Grosso no mesmo dia e remetendo ao TSE, que poderá complementar o quadro geral da nação”, acrescentou o desembargador.
Nestas eleições, Mato Grosso terá 6.500 seções distribuídas em seus 141 municípios. Algumas com mais de 500 quilômetros de distância da sede. Somente em comunidades rurais, muitas de difícil acesso, serão 522 locais de votação. Outras 29 seções ficam em aldeias indígenas.
Outro ponto destacado pelo desembargador foi a importância do voto consciente, para que eleitores não se abstenham ou anulem seus votos. “Não entre nessa onda negativa de se abster de votar. Não votar porque todo ano é a mesma coisa, não muda nada. Isso não leva a nada, pelo contrário prejudica a democracia. Se não comparecer ou anular o voto, você está permitindo e se acomodando, aceitando que esta situação negativa do país permaneça. A melhor resposta para melhorar esse ‘quadro negro’ que estamos enfrentando é votar, escolhendo os que melhor atendem os nossos anseios”, destacou.
A rigidez na fiscalização durante o período eleitoral também foi abordada pelo presidente. “Qualquer fato proibido para a legislação eleitoral seja denunciado com veemência a ouvidoria geral, pelo telefone 148, e também ao disque denúncia para o cidadão que é o 0800-6471490. Além disso também existe o juiz e o promotor eleitoral, e também o cartório eleitoral”, concluiu.
A decisão do TRE do Rio de Janeiro, que negou pedido de registro para candidatos denunciados de estarem envolvidos com a “máfia das ambulâncias” (sanguessugas), também foi abordada pelo desembargador. Sete parlamentares mato-grossenses tiveram pedidos de cassação, a maioria é candidato nestas eleições.
Bitar disse que o TRE não pode se manifestar contrário as candidaturas dos envolvidos, já que estar denunciado de praticar um crime ou irregularidade não torna o político inelegível. “Embora seja salutar a decisão dos colegas do Rio de Janeiro, em que os candidatos tiveram seus pedidos indeferidos por estarem envolvidos no esquema ‘sanguessuga’, mas a lei eleitoral não interfere que parlamentares nestas situações se candidatem novamente, porque a lei eleitoral não dá condições de ineligibilidade para essas circunstâncias”, explicou.
Ele acrescentou que até que sejam condenados, todas as pessoas são consideradas livres. “Se ele está envolvido na comissão parlamentar de ética, responda processo disciplinar, com uma eventual possibilidade de cassação de seu mandato, até o momento ele não está impedido de se candidatar novamente, porque não houve a cassação dele e punidade, de forma definitiva”, concluiu.
Mas o desembargador acrescenta que eleição é o momento do eleitor dar seu voto e punir os culpados.