Os trabalhadores de uma construtora, que ganhou o processo licitatório da prefeitura de Sinop, estão de braços cruzados. A empresa é responsável pela construção de três prédios onde funcionarão creches. Esta é a segunda vez que os trabalhadores param este ano por falta de pagamentos. "São 20 trabalhadores nas obras que estão em condições lamentáveis por falta de pagamento", explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Madeireira, Construção Civil e do Mobiliário (Siticom), Eder Pessine.
Durante a paralisação, ontem, os funcionários se manifestaram. "Meu padrasto foi despejado da casa onde ele aluga porque atrasou o aluguel e a proprietária não acredita que ele ainda não recebeu", reclama o servente de pedreiro Alan Pontes, 26 anos. Ele conta que está trabalhando há 20 dias e ainda não foi registrado em carteira. "Eu ainda nem sei quanto vou ganhar pelo meu trabalho", afirma ao ressaltar que "precisava muito trabalhar porque cheguei a Sinop à pouco tempo e tenho uma filha para cuidar, por isso aceitei mesmo sem saber quanto será o meu salário".
"Essa é a segunda vez, em 2012, que enfrentamos o mesmo problema com essa empresa", afirma Eder sobre os atrasos. Conforme o sindicalista, o problema é ainda mais grave. "Infelizmente (a empresa) não cumpre prazos dos pagamentos de salários, está trabalhando com caixa dois para pagamento de salários também. Uma parte (dos salários) está registrada outra parte sem registro", acrescentou.
O sindicalista denunciou ainda a falta de condições e de segurança de trabalho onde não há local de proteção para os trabalhadores e até mesmo de equipamentos como botas e luvas. No local não há banheiros e bebedouros conforme determina a legislação. Outro problema é o controle da jornada de trabalho que, segundo o presidente do Siticom, não é feito por um aparelho que marca ponto. "Não existe nenhum relógio de ponto. Essa situação tem gerado muita reclamação dos funcionários, pois está gerando faltas que eles alegam que não existem aquela quantidade e também de horas extras que estão faltando", disse Éder.
Pessine procurou o Ministério Público do Trabalho para pedir um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). "Esse é um compromisso que a empresa firma para que as exigências sejam cumpridas", afirma. Na última paralisação, na segunda semana de janeiro, o próprio secretário de Educação, Antonio Tadeu Gomes de Azevedo, viu de perto a situação e ouviu os trabalhadores. De acordo com o secretário, a empresa, com sede em Brasília, está construindo três obras (bairros Jacarandás, Nações e Residencial Sebastião de Matos) e em todas elas as obras estão atrasadas. A previsão, segundo ele, é que o prazo para o término, previsto para abril, não deve ser cumprido. "As obras deveriam estar na fase de fabricação de laje e reboco das paredes e tem locais onde nem o alicerce ainda foi feito. Não acredito que cumpram o prazo pelo estágio que estão as obras estão bem atrasadas".
A promessa de resolver todos os problemas e entregar as obras dentro do cronograma previsto foi feita por um dos diretores da empresa da empresa responsável aos secretários de Educação Antonio Tadeu Gomes de Azevedo, e de Finanças, Silvano do Amaral. A reunião aconteceu no dia 12, na sede da prefeitura. Segundo o secretário Antonio Tadeu, o diretor da empresa se comprometeu em resolver todos os problemas e entregar a obra dentro do prazo previsto.