Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil aponta que, no ano passado, 60 crianças povo Xavante da Terra Indígena Parabubure, em Mato Grosso, morreram vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e doenças infecciosas. O número de mortes é alto, principalmente se comparado com 2008 e 2009, quando 33 crianças morreram na soma destes dois anos, segundo apontou o mesmo relatório.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), responsável por produzir o relatório, a crescente mortalidade das crianças indígenas é consequência do descaso e do abandono em que vivem os índios do país, sendo as crianças a população mais vulnerável. A assistência médica é precária, faltam equipamentos, médicos, enfermeiros, medicamentos e transporte para levar os doentes até a cidade.
O entidade aponta que tão grave quanto a situação presenciada em Mato Grosso é a dos povos indígenas do Vale do Javari, no Amazonas. Segundo o Cimi, na terra, homologada em 2001, vivem cerca de 20 diferentes povos, entre eles Marubo, Korubo, Mayoruna, Matis, Kulina, Kanamari e outros em situação de isolamento. A distância geográfica, o descaso e a omissão do governo são fatores determinantes para a não contenção de doenças na região, muitas das quais facilmente tratáveis, como a desnutrição.
“Os índices de morte na infância têm contribuído, nos últimos anos, para a severa diminuição da população indígena da região. Dados revelam que de 11 anos para cá, 210 crianças menores de dez anos morreram no Vale do Javari. Uma proporção de mais de 100 mortes para cada mil nascidos vivos, índice cinco vezes maior que a média nacional, que não chega a 23”, aponta o relatório.