Agricultores de Sorriso, Lucas do Rio Verde, Sinop, Ipiranga do Norte, Itanhangá, Nova Mutum, Vera e muitas outras cidades do estado campeão em produção de soja elaboraram a carta ” Grito do Ipiranga”, que será encaminhada ao Governo federal cobrando mudanças urgentes na política econômica para evitar uma quebradeira generalizada de produtores. Os custos com a produção de soja, em 2004, por exemplo, eram de US$ 50 tonelada e hoje dobraram. A grande maioria dos agricultores não está conseguindo pagar os custos de produção com a cotação tão baixa da soja ( R$ 15,00).
Desde semana passada, os produtores de Ipiranga do Norte ( 120 km de Sorriso) iniciaram movimento “Grito do Ipiranga” que ganhou força em outras cidades. Eles trancaram acesso a armazéns e, a partir de hoje, o movimento é fortalecido com bloqueio de rodovias.
Só Notícias teve acesso á ” Carta do Ipiranga” que será encaminhada ao governo Lula cobrando urgentes providências:
“O agronegócio tem salvado as finanças do Brasil gerando superávits na balança de pagamentos do país desde 1998, não é pouco, além de representar uma boa parcela de nossa economia global (PIB), é um dos maiores geradores de emprego e renda, não só no meio rural como no urbano é a real vocação do Brasil .
Hoje, o agricultor mal consegue sobreviver e vive o momento as vezes comemora safras recordes e não faz reservas, porque quase sempre é arrojado e reinveste o que ganha. aliás, esta é uma condição essencial para se manter no mercado, mas acaba se refletindo em outra realidade: com a implantação de técnicas e equipamentos modernos, a produção tende a aumentar e os preços caem. O produtor não tem saída: se parar de investir, sai do mercado; se modernizar a produção, vê os preços caírem, a lógica é cruel e, neste ciclo, dificilmente sobra algum recurso para criar fundos de reservas.
O capital de giro, comum nas empresas, é peça chave para a estabilidade da agricultura e da própria economia, quando o agricultor perde uma safra ou tem preços de venda abaixo do seus custos, toda a cadeia ao seu redor se desestabiliza, com reflexos quase sempre geradores de problemas mais sérios, como o desemprego, aumento do êxodo rural, outra conseqüência direta é o reflexo no comércio dos municípios de economia agrícola. a queda brusca de renda pode inviabilizar a administração das pequenas cidades. sem dinheiro, o agricultor não compra, o comerciante não vende e os pequenos municípios ficam ainda menores.
Desde novembro de 2004 lideranças do setor vem alertando o governo “lula” sobre a influência nefasta da política econômica adotada, apesar do segmento ter influencia direta nos superávits do pais o setor produtivo vem vivendo desde o final do ano passado um de seus piores momentos com os atores de toda a cadeia do agronegócio na corda bamba, somando prejuízos exorbitantes, e perdendo renda ano após ano .
Este movimento denominado Grito Do Ipiranga, culmina em varias ações proativas dos produtores cansados dos constantes pronunciamentos do governo federal criminalizando quem produz alimento, gera renda e emprega milhares de pessoas e vendo que dia após dia só recebe promessas e soluções paliativas que não resolvem em absoluto o caos sócio- econômico já instalado no campo e nas cidades resolveram dar um basta à insensibilidade, ineficácia e ao total descaso do governo “lula” ante ao setor produtivo.
Esta política econômica que assumidamente traz desespero e insegurança no campo, só privilegia o setor financeiro e promove uma olimpíada canibal para ver qual banco lucra mais, o surgimento da ferrugem asiática a falta de infra-estrutura o real sobre-valorizado, a Petrobrás que anuncia auto suficiência em petróleo as custas de investimentos públicos, aumenta o preço do óleo diesel em mais de 42%, sem qualquer lastro causando enormes prejuízos no custo de produção das lavouras com conseqüente falência sistêmica do setor.
Informar e sensibilizar a sociedade, da gravidade do problema mostrando de forma clara que precisamos mudar imediatamente a estratégia míope deste governo irresponsável, que governa desde o primeiro dia para enriquecer os banqueiros e aniquilar o setor produtivo deste país.
Reivindicações:
1) Normatização imediata da “MP da Agricultura”.
2) Política Agrícola clara e de longo prazo
3) Mudança na política cambial – diminuição de taxa de juros já.
4) Liberação imediata de recursos para compra de milho (AGF)
5) Credenciamento urgente de novos armazéns na região
6) Criação de bônus de transporte (equalizar o custo de produção e preço pago pelo mercado).
7) Desoneação do óleo diesel ( CIDE,PIS.COFINS, ICMS).
8) Implementar alteração no FAT GIRO RURAL – contemplando maior prazo e o financiamento direto ao produtor de todos os insumos, inclusive óleo diesel, prever o re- financiamento de CPR e CPRF emitidas junto as instituições financeiras.
9) Atualização dos preços mínimos para garantir a renda mínima ao produtor disponibilizando a opção de equivalência produto nas contratações de novos financiamentos.
10) Bio combustível- implementação imediata do bio-diesel B-8 e regular o uso de bio-combustível a nível regional permitindo o utilizar puro ou em mistura por parte do produtor.
11) Implementação do seguro rural que garanta a renda ao produtor
12) Desoneração da carga tributária dos insumos.
13) Manter e fortalecer o plano de asfaltamento da BR-163 ( até o porto de Santarém)
14) Definir sob condições viáveis o plantio da próxima safra
Leia também
Agricultores iniciam daqui a pouco bloqueio geral na BR-163 no Nortão
Agricultores fecham bancos em Lucas R.Verde. Bloqueio na 163 começa em instantes