Agricultores e caminhoneiros em Lucas do Rio Verde fazem, desde ontem de manhã, o mais longo bloqueio de cargas de vários gêneros, na BR-163, (rodovia que liga a capital a região Norte) desde quando começaram as manifestações cobrando do governo Lula mudanças na política econômica para evitar quebradeira generalizada dos produtores. A interrupção no tráfego passa de 30 horas e não há previsão para ser liberado.
Nas últimas três semanas, o bloqueio tinha intervalo de três horas (11:00-14:00hs) além da passagem ser liberada à noite e de madrugada.
Mas ontem não houve intervalos. À noite e esta madrugada, produtores e caminhoneiros se revezaram no local da manifestação e só liberam passagem de carros e ônibus. Foi colocada uma carga de cascalho na rodovia, na saída para Nova Mutum, e há espaço na pista apenas para automóveis e ônibus passarem. Caminhões e carretas carregados com carnes, gêneros alimentícios, verduras, frutas, combustível, gás de cozinha, madeira e, principalmente, grãos e insumos não passam de um lado para outro. Caminhões vazios também. Imensas filas estão formadas nos dois lados da rodovia. Nas próximas horas, algumas empresas -que trabalham com baixo volume de estoques- podem ficar sem produtos para serem revendidos. Mais de 50 cidades da região correm o risco de desabastecimento.
“O bloqueio continua hoje (quarta-feira). Os agricultores e caminhoneiros avisam que não vão recuar enquanto não sair a resposta do governo. Ninguém suporta mais”, descreveu o presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Helmute Lawisch. Ele esteve, ontem à noite, no local do bloqueio e conversou com os manifestantes. “Não aceitam recuar e liberar a passagem de carretas e caminhões”, confirmou Helmute, ao Só Notícias.
Em Sinop e Sorriso, os produtores continuam retendo apenas as cargas agrícolas. De acordo com um dos organizadores do movimento em Sorriso, a partir de hoje à noite, conforme for o resultado da reunião com o ministro Roberto Rodrigues, os 4 municípios: Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop devem trancar a rodovia impedindo o tráfego de qualquer tipo de carga.
Hoje é dia de reunião em Brasília e, dependendo da resposta do governo, o manifesto deve engrossar com possibilidade da rodovia ser bloqueada por tempo indeterminado para passagem de cargas. Prefeitos do Nortão e líderes agrícolas vão se reunir com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e saber quais decisões foram tomadas, com base na reivindicação feita pela categoria.
A coordenação do protesto dos agricultores faz comparativos dos prejuízos: a saca de soja custa R$ 29,60 para ser produzida e, com a queda no dólar, é vendida hoje a R$ 14,00; A saca de arroz custa R$ 29,30 e está sendo vendida a R$ 10,00; A saca de milho custa R$ 15 para ser produzida e a cotação hoje é de R$ 6,00.
Eles querem que os produtos agrícolas voltem a ter preços suficientes para bancar custos de produção, redução no óleo diesel (que tirou, nos últimos anos, cerca de R$ 5 de lucro por saca de soja) AGF para milho, dentre outros pontos.
10 Estados aderiram aos protestos e os agricultores têm apoio de prefeituras, câmaras, CDLs, associações comerciais, sindicatos de madeireiras, de funcionários dos mais variados segmentos e em diversos outros setores.
(Atualizada às 11;11hs)
Leia também
Produtores decidem liberar passagem de cargas até hoje à noite em Sinop e Sorriso
Veja reivindicações que produtores apresentarão hoje ao ministro
Pode faltar combustível no Nortão devido a bloqueio na BR-163
Prefeitos e agricultores Nortão cobram soluções hoje de ministro