Os 23 acusados presos ontem, no Nortão, durante a operação Mapinguari, devem ficar 5 dias no presídio Ferrugem e na cadeia de Sinop. Eles são acusados pelo Ministério Público Federal de envolvimento na extração ilegal de madeira de áreas indígenas no Parque Nacional do Xingú. Outros 7 acusados foram presos no Paraná e outros Estados. Os cálculos da Polícia Federal é que o esquema teria resultado, até agora, em 2.300 cargas de madeira de diversas espécies. Foram fechadas 9 madeireiras em Feliz Natal e Vera acusadas de comprar madeiras dos índios. No Parque do Xingu, fiscais encontraram uma quantidade considerável de toras ( peroba, cedrinho e outras espécies) prontas para serem transportadas e negociadas. Foram apreendidas, bem como tratores de esteira e pás-carregadeira. Na operação também foi apreendida uma carreta Scania vermelha e até um cofre, de um dos acusados, além de diversas caixas com documentos que vão para o Ministério Público e a Justiça Federal.
A Polícia Federal também colocou na cadeia, ontem à tarde, o cacique Ararapan Trumari e seu filho foram presos em uma aldeia, próximo a Feliz Natal. De acordo com o delegado da PF, Franco Perazzoni, os índios acusados estão cientes que estavam cometendo crimes ambientais e atos ilegais e devem responder processo assim como os demais acusados. O procedimento da PF para o cacique e seu filho foi semelhante para os demais. Algemados, foram encaminhados para o Ibama em Sinop, onde funcionou a central da operação, prestaram as primeiras informações, sendo recambiados para o presídio.
As 4 mulheres presas, que são sócias e esposas de donos de fazendas e madeireiras, foram encaminhadas para a cadeia municipal, no centro da cidade. Existe a possibilidade de algumas serem liberadas antes mesmo de vencer o prazo de 5 dias.
A Justiça Federal, conforme Só Notícias informou em primeira mão, também decretou a prisão de três ex-chefes do Ibama em Sinop; Gleyçon Figueiredo, Carlos Henrique Bernades e Vilmar Ramos de Meira. Eles são acusados de aprovar planos de manejos florestais falsos para esquentar o transporte e venda da madeira retirada ilegalmente.
Policiais estiveram na casa de Gleyçon, mas não foi encontrado. Seu advogado manteve contato com a PF e deve apresentá-lo a qualquer momento. Mesma situação deve ocorrer com Vilmar Ramos de Meira. Os três servidores do Ibama foram presos, em 2005, na Operação Curupira, que colocou mais de 90 pessoas na cadeia devido a irregularidades em extração de madeira em Mato Grosso e outros Estados.
Em Feliz Natal foram presas 8 pessoas, em Sorriso foram 5, 3 em Sinop e 2 em Vera, incluindo o vereador Dario Leobert (PMDB), ex-presidente da câmara.
4 pessos da família Francio, de Sorriso, que foram presas, têm fazenda vizinha ao parque, bem como o fazendeiro Ricardo Prante. João Vicentin, preso em Sinop, também tem propriedade próxima a reserva dos índios.
As investigações da Polícia Federal prosseguem porque ainda há mandatos para serem cumpridos. Grande parte do efetivo, de 200 policiais federais e mais de 40 viaturas já começou a retornar aos Estados de origem.
A Polícia Federal batizou a operação de “Mapinguari” – criatura nativa da Floresta Amazônica, que pode ter até dois metros de altura, mas ainda desconhecida pelos cientistas. Alguns acreditam que seria um tipo de preguiça gigante.
Outro lado
Advogados de empresários, agricultores, madeireiros, servidores públicos e demais acusados passaram o dia ontem em busca de informações da motivação das prisões e para terem acesso aos processos. A OAB estadual chegou a divulgar nota criticando o “cerceamento” a defesa e se comunicarem com clientes.
Alguns advogados, procurados por Só Notícias, disseram que devem se pronunciar nas próximas horas na defesa aos acusados. Alguns já estão preparando recursos para revogar as prisões.
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