Na segunda reunião com representantes de onze categorias de caminhoneiros, o governo buscou um acordo, mas nem todos os presentes aceitaram a proposta. O representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, negou o acordo proposto pelo governo de suspender a paralisação por um período entre 15 dias a um mês enquanto o governo continua trabalhando para resolver o problema da redução do preço do diesel. Lopes disse que outros líderes da categoria se mostraram receptivos à proposta de suspender a paralisação, mas ele se recusou e deixou o local antes do fim da reunião. A Abcam representa 700 mil caminhoneiros, com 600 sindicatos espalhados pelo Brasil.
“Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. Eu coloquei que respeito o que meus colegas pediram e estão sendo atendidos, que acho ser coisa secundária, e disse que vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes. Ele disse ainda que não fala em suspender a paralisação enquanto o Senado não aprovar a isenção do PIS/Cofins, projeto aprovado ontem pela Câmara .
Enquanto a reunião se desenrolava no 4º andar do Palácio do Planalto, o representante dos motoristas individuais do Centro-Oeste, Wallace Landim, disse que sua categoria não está representada na reunião e que nenhuma decisão acatada na reunião será seguida por eles. Ele tem uma posição similar à do representante da Abcam e disse que enquanto o fim dos impostos sobre o diesel não estiver confirmado, a paralisação continuará.
“Não somos representados [pelas associações que estão na reunião]. Somos caminhoneiros individuais. Se a gente não estiver participando, não vai ter nenhum resultado. Pode sair de lá e falar que acabou a paralisação, que não adianta. A gente só libera a rodovia quando sair no Diário Oficial. Não estamos pedindo esmola, estamos pedindo o nosso direito”.
Em Mato Grosso, conforme Só Notícias já informou, hoje, no quarto dia de protestos, há bloqueios em 25 trechos de rodovias federais: em Sinop (km 821 região do Alto do Glória, Sorriso (km 746 e 750), Guarantã do Norte (km 1065), Luca do Rio Verde (km 691), Nova Mutum (km 593), Ponte e Lacerda (km 288), Campos de Júlio (km 1191), Sapezal (km 1120), Comodoro (km 488), Barra do Garças (km 5 e 8), Água Boa (km 564), Campo Novo do Parecis (km 878), Confresa (km 130), Cáceres (km 735), Cuiabá (km 504 e 398), Rondonópolis (km 200 e 119), Diamantino (km 613), Primavera do Leste (km 276 e 285) e Campo Verde (km 376 e 383). Há bloqueios em mais de 20 Estados.
Como milhares de cargas estão paradas nas rodovias (só passam carretas com carga vivas e produtos perecíveis), há falta de combustíveis em 4 cidades mato-grossenses – Juína, Tapurah, Diamantino, Primavera do Leste e Nova Xavantina. Em Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde a maioria dos postos está com estoque no fim.
Em Sinop várias lojas de materiais de construção estão sem cimento. A empresa de ônibus estuda alterar algumas linhas por conta do baixo estoque de diesel. A coleta de lixo também foi suspensa por falta de combustível para caminhões. Donos de vans que fazem transporte escolar particular em escolas e universidades podem paralisar atividades nesta 6ª.
A mobilização dos caminhoneiros tem recebido, a cada momento, mais apoio. Hoje em Sinop, 25 entidades que formam a Unesin fizeram carreata em apoio ao manifesto. Em Nova Mutum, o movimento das entidades será nesta 6ª. Em Lucas, algumas se posicionaram favoráveis, ontem. Em Sorriso, o comércio ficará fechado nesta sexta-feira, por algumas horas, como forma de apoiar o protesto.
Em Cuiabá, esta tarde, houve carreata de caminhoneiros e motoristas de Uber, esta tarde, e o trânsito ficou muiito congestionado em algumas avenidas no centro.
(Atualizada às 17:55h)