O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em nota publicada esta semana sobre os sistemas de monitoramento por satélites operados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), acatou a proposta defendida pelo Governo do Estado, de mudanças na metodologia de interpretação dos dados relativos ao desmatamento de novas áreas na região Amazônica, em especial em Mato Grosso.
Desde janeiro, quando o Inpe divulgou os índices relativos ao período de agosto a dezembro de 2007, o Governo do Estado vem discordando da metodologia, que não seria a mais precisa para determinar o cálculo de área e as estatísticas para comparação de dados de desmatamento. Para o Governo, essa metodologia poderia levar a erros e apresentar discrepâncias de números quando comparada com dados de metodologias semelhantes.
“A metodologia Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que utiliza imagens do sensor Modis dos satélites norte-americanos Terra e Acqua pela qual foram obtidos os dados divulgados, se caracteriza pela maior freqüência de cobertura (de três a cinco dias), mas apresenta resolução bem mais baixa, de 250 metros”, explica o secretário adjunto de Qualidade Amtiental, Salatiel Araújo.
De acordo com Salatiel, mesmo quando é aplicada metodologia semelhante, como é o caso do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), utilizada pelo Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), há grande discrepância de números em relação a áreas desmatadas por corte raso, quando comparados com os dados do Deter.
O secretário adjunto disse esperar também que o Inpe qualifique os dados do Deter da mesma forma que o SAD. “Porque através do cruzamento de informações do banco de dados da Sema com os indícios de desmatamento do SAD é possível também, dentre outros, verificar se o desmatamento do tipo corte raso é legal ou ilegal”.
Desde 1988, o Inpe mede as taxas anuais de desmatamento da Floresta Amazônica por meio do Prodes utilizando imagens de vários satélites, principalmente o satélite Landsat que tem uma resolução muito melhor do que o sensor MODIS.
Através do Prodes são medidas as taxas de desmatamento do tipo corte raso. Estas medidas são feitas em meses de boas condições climáticas na Amazônia (normalmente de julho a setembro). Nestes meses, em relação aos outros meses do ano, é baixa a quantidade de nuvens, portanto é alta a possibilidade de visualização de eventos de desmatamento do tipo corte raso. Esse sistema, por ser mais detalhado é feito uma vez por ano, com a divulgação dos resultados feita geralmente em dezembro.
A partir de 2004, o Inpe implantou o sistema de monitoramento Deter, utilizado como apoio à fiscalização e controle do desmatamento na Amazônia, portanto um sistema de gestão, voltado para alertar os agentes responsáveis pelo controle do desmatamento. Esses dados são divulgados mensalmente, através de um mapa de Alertas, onde são indicadas áreas totalmente desmatadas (corte raso) e áreas em processos de desmatamento do tipo degradação florestal. Os dois sistemas, portanto são complementares.
Na nota, o MCT explica que determinou ao Inpe a realização de estudos de validação e qualificação dos dados obtidos pelo Deter, inclusive com inspeções de campo, para que sejam validados. Em fevereiro e março deste ano, a Sema já havia adotado as inspeções de campo como forma de melhor qualificar os indícios de desmatamento provenientes do Deter. Assim, a divulgação dos dados relativos a maio, prevista para meados de junho, ainda está sendo finalizado e os dados de junho, só estarão disponíveis no final deste mês.
A divulgação dos índices brutos do Deter de maio está prevista para a próxima terça-feira (15.07) acompanhada dos estudos de validação e qualificação dos dados.
A mudança, segundo a nota, tem por objetivo aprimorar os métodos científicos garantindo a confiabilidade e a comparabilidade dos dados.