Há 4 anos consecutivos, Mato Grosso é o campeão no ranking em mortes por acidentes de trabalho, com uma média de 150 vítimas fatais. Os três setores em que ocorreram a maior parte dos acidentes são agricultura, transporte de cargas e construção civil com 39%, 28% e 18%, respectivamente. Os dados fazem parte do levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego, baseado na proporção entre a taxa de mortalidade por acidentes de trabalho pelo total de trabalhadores registrados no Instituto Nacional de Seguridade Social.
Segundo o coordenador de análise de acidentes de trabalho da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego, Naldenis Martins, os números de mortes durante o expediente devem ser maiores, já que muitas ocorrências não são registradas pelas empresas.
Na agricultura, os acidentes acontecem por causa da falta de segurança e prevenção. Vão desde falhas na manutenção das ferramentas até despreparo dos funcionários no manuseio. Tem trabalhador dirigindo tratores sem sequer ter habilitação para isso. “As empresas não se preocupam em treinar as pessoas, mas sim com os lucros obtidos”.
No caso dos transportes de cargas, setor em que Mato Grosso se destaca por ser grande exportador de grãos, o problema é a pressão exercida sobre os motoristas. Eles são obrigados a cumprir jornadas de trabalho excessivas, em média 20 horas, para atender à demanda exigida pelos patrões.
A rotina puxada faz com que a maior parte dos acidentes aconteça por falta de atenção do motorista, geralmente em rodovias consideradas de boa trafegabilidade e com boas condições de infraestrutura. Embora a estatística já seja alta neste setor, a estimativa é de que os índices sejam ainda maiores, uma vez que há uma grande quantidade de autônomos, que não registram as ocorrências de mortes.
Já na construção civil falta treinamento oferecido pelas empresas e fiscalização do uso dos equipamentos necessários de segurança. Para ele, a falta de consciência é fruto da ausência da instrução adequada, porque acidentes envolvem pessoas experientes na função, mas que deixaram de utilizar o equipamento.