O Hospital Geral Universitário (HGU) receberá do Ministério Público Federal (MPF) R$ 950 mil, dinheiro apreendido na operação “Ararath”. O valor será utilizado pela unidade hospitalar para a aquisição de mais 20 equipamentos e ampliação do Serviço de Reabilitação de Fissuras Labiopalatinas. De acordo com a responsável pelo setor, Yolanda Barros, a verba permitirá dobrar tanto a quantidade de salas de atendimento, quanto as cirurgias. Desde 2008, o HGU foi considerado pelo Ministério da Saúde referência nacional em tratamento oferecidos aos pacientes com lábio leporino.
Barros diz que saber da destinação da verba de quase R$ 1 milhão ao serviço voltado aos pacientes leporinos reacendeu a esperança dos profissionais que atuam no setor. “Sempre fazemos rifas e bingos para proporcionar melhorias na estrutura que já está precária e não comporta a demanda. Mas isso nunca foi o suficiente para fazer as mudanças necessárias”.
Emocionada, ela cita alguns dos mais de 20 equipamentos que serão adquiridos com a verba, como 6 cadeiras odontológicas fixas e 8 móveis, 2 novos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal, um aparelho de broncofibroscópio utilizado para realizar a endoscopia respiratória e aparelhos para examinar a fonoaudiologia dos pacientes. Além disso, será equipada a sala do centro cirúrgico e a ala pediátrica. “De 6 salas de atendimento passaremos a 13. Estamos tão felizes que chega a ser impossível descrever tamanha alegria. Este é um sonho antigo de nossa equipe e dos pacientes que atendemos há mais de uma década”.
Yolanda diz que a aquisição dos equipamentos será agregada à equipe do serviço que é multidisciplinar e busca não só corrigir os defeitos de crânio e face com as etapas cirúrgicas, mas, também, integrar o indivíduo à sociedade. “Esse serviço melhorou profundamente a vida destes pacientes, que hoje fazem todo o atendimento e procedimento no HGU. Antes tinham o tratamento só fora. As melhorias permitirão atendimento hospitalar mais personalizado e humanizado”.
Segundo o MPF, só foi possível realizar a doação porque o Brasil tem compromissos firmados com a Organização das Nações Unidas (ONU), em relação à proteção infanto-juvenil, e os recursos serão destinados para tratamento de crianças. Essa ação foi acompanhada pela procuradora da República, Vanessa Zago, que solicitou junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) uma auditoria da cotação de preços de equipamentos a serem adquiridos pelo HGU. O documento foi entregue ao MPF ontem (30), com aprovação do orçamento.
Com a ampliação e melhoria da estrutura do serviço de reabilitação de fissuras labiopalatinas e anomalias craniofacionais, o HGU pretende dobrar o número de consultas realizadas na unidade.
Atualmente realiza 150 atendimentos por dia e oferece acompanhamento para pacientes desde o nascimento até 21 anos.
Além de receber pessoas dos 141 municípios mato-grossenses, o hospital também atende pacientes de outros estados.
O HGU inaugurou o setor específico em outubro de 2004. Em seu cadastro de pacientes existem aqueles que já estão há mais de 10 anos sendo tratados pelos profissionais da unidade. “Há os que passaram pela cirurgia reparadora ainda bebê, mas que continuam conosco. Isso porque, o tratamento não se resume ao procedimento cirúrgico, eles passam por fonoaudióloga, dentistas, psicólogas e várias outras áreas”, explica a responsável pelo setor de reabilitação labiopalatinas do HGU, Yolanda Barros.
Ela explica ainda que o trabalho com a equipe multidisciplinar é muito importante, pois as crianças que nascem com este tipo de má formação, muitas vezes, são excluídas do convívio social quando não tratadas. “Uma a cada 650 crianças nascidas vivas é labioporina e precisam de atendimento médico. Por isso, essa reforma proporcionada pelo MPF pode ser considerada a mudança de vida para inúmeras pessoas, em especial crianças”.
Apesar do entusiasmo, Yolanda diz que ainda não há data definida para o início das obras e compra dos novos equipamentos.