Após realização de audiência pública para apurar as causas do alto índice de mortalidade de crianças menores de um ano, nos hospitais públicos e privados, em Cuiabá, o Ministério Público Estadual (MPE) promoverá análise dos dados obtidos e investigará o que vem ocorrendo nas unidades hospitalares do município. A audiência, que foi promovida pela 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Cuiabá, ocorreu ontem e contou com a participação de representantes de órgãos público e profissionais da área de saúde.
Durante o evento, o promotor de Justiça Alexandre Guedes apresentou os números de Cuiabá em relação ao Estado. "As informações são do Ministério da Saúde e refletem uma realidade alarmante. De janeiro a novembro de 2009, Cuiabá apresentou o dobro da média do Estado de Mato Grosso. Enquanto a capital teve 9,73, o Estado apresentou 4,21. Isso significa que de cada 100 internações pagas pelo Sistema Único de Saúde às crianças de até um ano, cerca de 10% foram a óbito", explicou.
O promotor também apresentou os números das cidades de Goiânia (4,82%), Porto Velho (3,23), Campo Grande (6,30), Cáceres (3,90), Sinop (2,47) e Rondonópolis (3,09). "De acordo com as estatísticas, Cuiabá apresenta níveis altos em relação a outros Estados e municípios. A audiência teve como objetivo discutir as causas e soluções com poder público e entidades privadas e chamar a atenção da sociedade civil para o problema", ressaltou.
Segundo o secretário municipal adjunto de Saúde, Euze Carvalho, os casos ocorridos têm sido acompanhados pelo órgão. "Temos uma equipe que faz o levantamento de todas as informações. Além de Cuiabá atender muitas crianças de outros municípios, existem diversos fatores que devem ser levados em consideração. Problemas no planejamento familiar, pré-natal, assistência ao parto, transporte e dificuldades sócio-familiares são algumas das causas que podem levar a criança a óbito", disse.
O secretário afirmou que apesar do trabalho que vem sendo realizado, é necessário ações pontuais para a melhoria dos serviços. Em 2009, as afecções perinatais foram a maior causa da morte das crianças de até um ano em Cuiabá, que refletem, de forma geral, baixos níveis de saúde e insatisfatórias condições assistenciais à mãe e ao recém-nascido.
"As informações obtidas na audiência irão subsidiar o inquérito civil que foi instaurado pelo Ministério Público e, que futuramente, poderá culminar em medidas judiciais e extrajudiciais. Não vamos acabar com a morbidade infantil, porque existem causas inevitáveis, porém, não podemos admitir que a capital mato-grossense continue apresentando esses números", finalizou o promotor.