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Motorista morta em Sinop ameaçava ex-marido e tentou matá-lo, diz defesa sobre absolvição

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Só Notícias/Herbert de Souza (foto: Só Notícias/arquivo)

A defesa do homem que foi acusado pela morte da motorista de aplicativo Ednalva dos Santos, 46 anos, decidiu se manifestar depois que ele foi absolvido pelo Tribunal do Júri. A motorista de aplicativo morreu em dezembro do ano passado, na própria casa, na rua dos Guanandis, no bairro Jardim Imperial, com um golpe de faca no coração. Ela chegou a ser socorrida pelo próprio filho e encaminhada para uma unidade médica, mas não resistiu ao ferimento.

O principal suspeito pelo crime era o ex-marido de Ednalva, que ficou preso vários meses, mas teve a prisão revogada, na semana passada, após ser absolvido pelo Tribunal do Júri. Mesmo com o entendimento dos jurados de que ele não cometeu o crime, o advogado Gilberto Dias Carolina disse, ao Só Notícias, que percebeu que a sociedade manteve um sentimento de que o ex-marido de Ednalva é um assassino e que escapou impune. Por esse motivo, Gilberto decidiu detalhar quais provas foram apresentadas aos jurados para que ocorresse a absolvição.

“Ele não deu a facada. Isso foi explicado e inclusive fizemos simulação. Eles estavam sentados na cama. Quando ele disse que iria embora, já que havia ido apenas buscar as roupas dele, ela disse que ele não sairia com vida e tentou desferir um golpe com a faca. Ele é um sujeito muito forte e desviou com o braço. Este ponto é um momento muito tenso. Não dá para explicar em detalhes porque não acredito que nem ele saiba exatamente o que aconteceu. O que dá para dizer é que, ao desviar, a faca se voltou contra a senhora Ednalva e ela acabou vindo a óbito. Foi uma infelicidade enorme ter atingido o coração”, afirmou Gilberto.

O advogado criminalista que defendeu o ex-marido de Ednalva também detalhou outras provas do processo que ajudaram a convencer os jurados da inocência do réu. Segundo ele, a faca utilizada tinha cerca de 15 centímetros, mas o golpe que matou Ednalva causou uma perfuração com cerca de dois centímetros. “A característica de feminicídio geralmente é de vários golpes. Ele (o ex de Ednalva) é um sujeito forte, que pesa mais de 100 quilos e trabalha como pedreiro. Como causou uma perfuração de dois centímetros com uma lâmina de 15? Se ele quisesse, teria golpeado várias vezes, porque estavam trancados dentro do quarto”.

Segundo o advogado, os jurados também tiveram acesso a um áudio em que Ednalva ameaçava de morte o ex-marido. De acordo com Gilberto, no dia em que ocorreu a morte, o homem teria ido até a casa da motorista de aplicativo buscar algumas roupas. O advogado destacou que a faca pertencia à motorista de aplicativo e foi levada para dentro do quarto por ela.

Outro ponto que, conforme Gilberto, confirmou a tese de negativa de autoria foi o depoimento do filho da vítima, o qual disse que, ao abrir a porta do quarto, após escutar os gritos da mãe, encontrou a mulher com a faca na mão e o homem segurando os dois braços dela. Além disso, o advogado ressaltou que o pedreiro tinha dois cortes na mão, mas que não passou por exame de corpo de delito porque, na época, o Instituto Médico Legal (IML) estava sem profissional para fazer o procedimento.

“É um caso complexo. Tem duas pessoas dentro de um quarto. Uma foi morta. Logo, o que se deduz é que houve um assassinato. Essa é a primeira visão que qualquer um tem dos fatos. É impossível pensar diferente. Não é simples falar que ela tentou dar uma facada nele, a faca voltou e pegou no coração. Se você fala isso, o jurado condena, porque não faz o menor sentido. Inclusive, a Promotora ironizou essa visão de que Ednalva teria pegado a faca e enfiado no próprio peito. Não é tão simples assim. A defesa estudou e conseguiu provar uma narrativa verdadeira, de que a Ednalva estava ameaçando e tentou matar o ex-companheiro”, complementou o advogado.

Segundo Gilberto, após a absolvição, o Ministério Público do Estado (MPE) manifestou interesse em recorrer. Para ele, no entanto, o Tribunal de Justiça deve manter a decisão dos jurados. “As provas da defesa são maiores para manter a absolvição, do que as do Ministério Público para uma condenação. Não houve irregularidade no julgamento e o Tribunal do Júri é pleno. A decisão dos jurados é soberana. Não acredito que o Tribunal vá reverter, mas a defesa vai continuar trabalhando no sentido de provar que realmente a sentença está correta”, concluiu o advogado.

Conforme Só Notícias já informou, o pedreiro foi preso no mesmo dia da morte de Ednalva e ficou quase nove meses na penitenciária Osvaldo Florentino Leite, o “Ferrugem”. Ele já foi colocado em liberdade.

Por maioria, os jurados entenderam que ele não cometeu o crime de homicídio qualificado, contra a mulher em razão de gênero (feminicídio). Ele também havia sido denunciado pelo crime conexo de ameaça cometido contra o filho de Ednalva, mas acabou absolvido pelos jurados. A motorista de aplicativo foi velada e sepultada em Sinop.

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