Representantes de pelo menos seis entidades continuam com o bloqueio na rodovia federal, esta manhã, pelo segundo dia consecutivo. A passagem de veículos foi interditada com pneus nas proximidades de um trevo na cidade paraense de Novo Progresso (596 quilômetros de Sinop), ontem pela manhã. Empresários de diversos segmentos fecharam as portas e fizeram uma carreata pelas principais ruas e avenidas da cidade em apoio ao bloqueio.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), recebeu, ontem, os apelos das lideranças do movimento e garantiu intermediar na revogação da medida provisória que alterou os limites das unidades de conservação. “Estamos empenhados, trabalhando e movimentando o governo para ver se conseguimos fazer as modificações sobre o assunto [da Medida Provisória 756/2016]. Porém, toda esta negociação terá que passar pela Câmara e Senado. São estes órgãos que vão cuidar e negociar essa medida provisória. Vamos nos empenhar dentro do governo junto com os outros ministros. Agora este assunto não se resolve de um dia para o outro. O bloqueio que está sendo feito na rodovia não ajudará em nada. Atrapalhará e complicará a vida de todos e dos agricultores da região de vocês [Pará] e também de Mato Grosso. Estamos pedindo que deixem fluir normalmente, que através da política vamos fazer uma negociação com as lideranças e ao governo”, disse o ministro, através das sua página oficial na internet.
Os sindicatos dos produtores rurais, garimpeiros, madeireiros, associação comercial, Ordem dos Advogados do Brasil, membros de igrejas, clubes de serviços, conselho de pastores e lojas maçônica do município cobram a revisão ou até mesmo a revogação da medida provisória que alterou os limites de quatro Unidades de Conservação (UCs) e criou uma nova no sudoeste do Pará para viabilizar o traçado e construção da ferrovia “Ferrogrão”. Eles são contra a medida provisória que criou uma Área de Proteção Ambiental (APA), no Parque Jamanxim, em Novo Progresso, e pretende alterar os limites do Parque Nacional do Rio Novo e da Floresta Nacional (Flona).
Ainda de acordo com as entidades, a medida foi assinada pelo presidente Michel Temer, no dia 20 de dezembro, prejudicará a economia local, já que o projeto visa apenas atender a construção da ferrovia, que liga Sinop ao Porto de Miritituba, no Pará. Com isso, aumentará a área de reservas e a cidade perderá área produtiva. Consequentemente, arrecadação.
O governo federal anunciou, em setembro, a primeira rodada do programa de concessões em infraestrutura, durante reunião do conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). No total, 25 projetos serão objeto de concessão, entre eles, a ferrovia que ligará Sinop (Mato Grosso) a Miritituba (Pará), a chamada “Ferrogrão”. A previsão do governo é lançar tanto o edital quanto o leilão no 2º semestre deste ano. Com investimentos estimados em R$ 10 bilhões, o governo federal poderá conceder a Ferrogrão por até 60 anos como forma de atrair empresas interessadas.