Os médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país iniciaram uma mobilização que pode culminar em paralisação. A partir da próxima quarta-feira (21), está prevista uma série de atividades que, segundo os organizadores, servirão para mostrar a rotina dos médicos brasileiros e chamar a atenção de autoridades e da sociedade para as condições de trabalho nas unidades públicas de saúde. Os problemas do SUS estão em debate esta semana na Conferência Nacional de Saúde.
Segundo Geraldo Guedes, coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS e um dos organizadores da mobilização, os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos em uma possível greve. “A mobilização não vai ferir o código de ética, que prima pelo atendimento integral em casos de urgência e emergência”, explica.
As principais críticas são à falta de infra-estrutura no SUS e aos baixos salários, que obrigam os profissionais a acumular dois ou mais empregos e diminuem a qualidade do atendimento. “Entendemos o SUS como um grande plano de saúde para a maioria da população brasileira. Mas acreditamos também que ele deve existir de forma a proporcionar atenção integral ao cidadão, e não é isso o que vêm acontecendo”, afirma Guedes.
Segundo o médico, a falta de infra-estrutura do SUS é a principal responsável pelo alto número de partos do tipo cesariana no país – um dos maiores do mundo. O parto normal pode levar até 12 horas e o médico deve acompanhar o procedimento. No entanto, devido à baixa remuneração – cerca de R$ 200 por todo o período em que o profissional passa ao lado da paciente – a solução acaba sendo a cesariana, mais rápida e que permite ao profissional o acompanhamento de várias pacientes.
Uma das reivindicações da campanha é o estabelecimento do piso salarial de R$ 6.963,52 para 20 horas de trabalho, além de adoção de um plano de cargos e salários. Hoje, de acordo com Guedes, há locais no Nordeste em que os salários dos médicos não passam de R$ 600 mensais.