Numa ação inovadora voltada ao combate ao tráfico de drogas, o juiz diretor do Foro da Comarca de Cáceres, Geraldo Fernandes Fidelis Neto, e o juiz Alex Nunes de Figueiredo, responsável pela 3ª Vara Criminal da comarca, apresentaram ao secretário de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado Filho, projeto que visa a implantação de canis para abrigar cães farejadores de entorpecentes, para atuação na cidade.
Conforme o juiz, o projeto foi bem recebido e o secretário já comprometeu-se a encaminhá-lo à Secretaria Nacional Antidrogas, a fim de angariar recursos para a instalação dos canis. “Também estive na Casa Civil buscando apoio do Governo do Estado à idéia”, antecipou o magistrado, acrescentando que a expectativa é de que haja vontade política para implantar esse serviço em Cáceres, onde os cães farejadores possam auxiliar o setor da segurança pública municipal no combate ao narcotráfico. “É preciso atenção especial aos municípios que fazem fronteira com a Bolívia, pois seus 640 quilômetros de divisa seca emergem como um dos maiores portões de entrada de entorpecentes do Brasil”, sublinhou.
E exatamente em virtude da localização geográfica, cresce em importância a necessidade de implantação do serviço. “A atuação de cães farejadores proporcionará um grande impacto na luta contra o narcotráfico, tanto no campo preventivo quanto no repressivo. Temos que estancar entrada das drogas pela fronteira”, ressaltou o magistrado, que é o representante do Poder Judiciário no Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen/MT).
De acordo com o juiz Geraldo Fidelis Neto, a implantação do canil em Cáceres tem caráter emergencial, refletindo nas operações realizadas nos municípios de fronteira com a Bolívia. Posteriormente, o projeto poderá ser implantado em outros municípios. Segundo ele, se for necessário, os juízes poderão determinar, nas sentenças, que o perdimento dos bens de traficantes sejam revertidos para a manutenção dos canis, circunstância que poderá ser desencadeada em todo o Estado, ainda que via Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen).
“Essa iniciativa representa uma somatória de esforços unindo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, além do Gefron, sempre voltado à intensificação do combate ao narcotráfico”, concluiu o magistrado. Na próxima semana, o projeto será apresentado ao corregedor-geral da Justiça, desembargador Orlando de Almeida Perri.
Inicialmente, o projeto piloto contempla a aquisição de quatro cães farejadores, que seriam matrizes para o resto do Estado. Num futuro próximo, poderá se tornar realidade a instalação de um canil em cada uma das sedes das Polícias Militar, Civil, Federal, Rodoviária Federal e do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) da Comarca de Cáceres.
Comparado ao ser humano, os cães farejadores detém maior capacidade de identificar a presença de drogas pelo olfato. A grande diferença reside no número de células sensórias do olfato presentes no diâmetro interno do nariz. Estima-se que o ser humano possua cinco milhões destas células, enquanto que um pastor alemão tenha 220 milhões e o Labrador Retriever, 250 milhões. A sensibilidade olfativa dos cães para determinadas substâncias pode ser de cem mil a cem milhões de vezes superior ao olfato humano.