O juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara da Justiça Federal, condenou o espanhol Juan Ruiz Blanco a quatro anos e meio de prisão por tráfico internacional de mulheres. Com ele, o brasileiro Cleberson Rodrigues Sigarini foi condenado a três e anos e sete meses de prisão. Os dois foram presos em flagrante quando tentavam embarcar Elisete Glória de Souza no Aeroporto Marechal Rondon com destino a Espanha. Os dois condenados são apontados como integrantes de uma quadrilha responsável por aliciar e levar mulheres para prostituição na Espanha, onde se encontram presos Fernando de Oliveira Rodrigues e Clesimar Marsol Santana, ambos aguardando extradição.
As prisões de Juan Ruiz e de Cleberson Sigarini aconteceu no dia 22 de abril passado pela Polícia Federal, que já vinha investigando a atuação da quadrilha em Mato Grosso. Houver interceptação dos terminais telefônicos utilizados por Juan e Cleberson e também ppor Fernando de Oliveira Rodrigues e Clesimar Marsol Santana. Ou seja, toda a movimentação da quadrilha contou com a participação dos quatro, que travaram diálogos intensos ao longo dos meses de fevereiro, março e abril de 2007, acertando a participação de cada um dos implicados para que a empreitada de aliciamento de brasileiras.
“Foram vários os contatos telefônicos de Juan Ruiz com os demais membros da quadrilha e com possíveis mulheres interessadas em serem levadas para a Espanha para trabalharem como prostitutas. Detalhes dos aliciamentos, financiamentos das ações delitivas e viagens das mulheres aliciadas são revelados pelos nos diálogos interceptados, restando claros os papéis de cada um dos membros da associação criminosa” – observou o juiz federal.
Nesse aspecto, a tese da Defesa do Imputado Cleberson Rodrigues Sigarini mostra-se em completo descompasso com o apurado na instrução criminal. É clara a participação do citado Acusado na quadrilha ora sob julgamento, bastando citar os diálogos telefônicos que travou com Juiz Ruiz Blanco nas datas de 19 e 20 de abril/2007, onde explicitamente cobra os valores que acertara na consecução dos crimes, bem como demonstra saber que o dinheiro que está a cobrar fora mandado por Fernando de Oliveira Rodrigues diretamente da Espanha (Apenso I destes). Portanto, é inverossímil a assertiva de que simplesmente hospedara em sua casa um conhecido de seu primo (Fernando de Oliveira Rodrigues).
Antes de ser preso, Juan hospedou-se no Hotel São Francisco Caramuru. De lá, segundo as investigações da Polícia Federal, ele contatou várias mulheres, tentando convencê-las a trabalharem na Espanha como prostitutas. Foi auxiliado na tarefa por Cleberson Rodrigues Sigarini. Várias mulheres foram contatadas pela dupla, notadamente por Juan. “Na Espanha, as ações do grupo delitivo tinham o patrocínio de Clesimar Marsol Santana, brasileira naturalizada espanhola, que facilitava o ingresso das mulheres aliciadas naquele país; bem como pelo brasileiro residente Fernando de Oliveira Rodrigues, responsável pela demanda das remessas de mulheres àquela região e um dos financiadores das atividades ilícitas” – observou.
Ao determinar a condenação, o magistrado Julier destacou que a conduta dos dois estão “a
merecer alto grau de reprovabilidade, pois fizeram uso de expediente tendente a violar o princípio da dignidade humana, inviolável, expondo mulheres indefesas à sanha sexual e de eventual violência daqueles que lhes explorariam no exercício de prostituição em longínquo país europeu”. Ele destacou que Juan e Sigarini se aproveitavamda situação de precariedade econômica das mulheres aliciadas. “Por fim, nota-se que as conseqüências dos crimes não são desprezíveis, porquanto os princípios da dignidade humana, do respeito aos Direitos Humanos e da preservação dos Direitos da Mulher restaram violados de forma organizada e no interesse financeiro dos réus” – destacou.