Índios de vários grupos da região do Vale do Araguaia, que habitam a região Sul do Parque Nacional do Xingu exigiram que o Governo promova a demolição da usina hidrelétrica que está sendo construída no Rio Kuluene. Eles estiveram reunidos com representantes da PCH Paranatinga II na quinta-feira e deixaram claro que poderão promover um conflito étnico se suas reivindicações não forem atendidas. A obra está suspensa pela Justiça Federal por falta de licenciamento ambiental, mas o agrônomo Antenor Bastos Filho garante que todas as ações ambientais metigadoras estão previstas no Estudo e no Relatório de Impacto Ambiental.
Índios do Parque do Xingu prometem dinamitar a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Paranatinga 2, em Mato Grosso, caso as autoridades não apareçam para conversar sobre suas reivindicações até amanhã e prometem não deixar mais nenhum trabalhador da usina sair do local – estima-se que 180 ainda permaneçam na barragem.
No protesto dos índios, entre eles grupos Xavantes, está a necessidade de preservação da região das cabeçeiras do Xingu. O Rio Kuluene é considerado o principal formador do Rio Xingu. Na discussão com as autoridades, os indígenas que se revezaram entre relatos e ameaças deixaram claro que após o início das obras da PCH começou a faltar peixes. Eles reclamam ainda das dificuldades de transporte pelo rio, após o advento da hidrelétrica, por causa do assoreamento. Os protestos dos indígenas deverão seguir até domingo.
A PCH está sendo erguida no leito do Rio Kuluene entre os municípios de Campinópolis e Paranatinga. Seu projeto prevê o alagamento de uma área de 1.290 hectares, dos quais 920 de vegetação nativa. O lago será formado pela edificação de duas barragens e o projeto está orçado em R$ 4,6 milhões. A barragem está sendo construída a apenas dois quilômetros da Reserva Ecológica Estadual do Rio Kuluene, em território histórico dos povos xinguanos, rico em vestígios arqueológicos de antigas populações que ali viveram, agravando ainda mais esta situação.
Desde 2005, a hidrelétrica tem sido objeto de diversas idas-e-vindas judiciais. Sua execução chegou a ser embargada pela Justiça, que determinou que seu licenciamento ambiental fosse feito pelo Governo Federal. O avanço das obras também incluiu um polêmico acordo entre o Foverno de Mato Grosso e algumas lideranças indígenas. O acordo foi contestado pela maioria dos caciques do Xingu e, posteriormente, negado inclusive por alguns dos que o tinham assinado.