Cinco dos sete funcionários da Pousada Jurumé, de propriedade de Ari Carneiro de Moraes, deixaram o local na última sexta-feira, depois que uma equipe da Polícia Federal se dirigiu para mediar a saída pacífica do conflito que envolveu o empresário e índios da etnia Apiaká. Uma semana antes, cerca de vinte deles atacaram o empresário, flechando-o na perna esquerda.
Dois delegados e cinco agentes participaram da operação. Dennis Cali, um dos delegados, foi participar o empresário, que ainda está hospitalizado, da situação. Numa conversa que durou mais de duas horas, Cali informou sobre a solução paliativa e de um acordo feito com os indígenas, que vão utilizar a área até que haja uma definição para o impasse.
Dentro do acordo, a Funai – Fundação Nacional do Índio – formaria um grupo de trabalho para resgatar informações que possam comprovar ou não a posse reivindica pelos Apiaká da terra onde está situada a Fazenda Jurumé, no município de Apiacás, na divisa do o Estado do Amazonas. Ari Carneiro apresentou documentos comprovando a propriedade da área, com o reconhecimento do Instituto de Terras de Mato Grosso – Intermat. A documentação já havia sido apresentada em outra oportunidade, quando o próprio Ari e turistas haviam sido feito reféns no ano passado.
O delegado disse que o ‘clima de guerra’ descrito quando da chegada não se configurou. Os funcionários, segundo ele, não estavam na condição de reféns. Nem mesmo os dois turistas que estavam na pousada chegaram a molestados pelos índios.
No início da semana passada, uma emissora de rádio chegou a anunciar que um dos funcionários de Ari Carneiro teria desaparecido quando o grupo estava em um barco, que teria sido virado. Os próprios funcionários desmentiram essa informação, destacando que os três trabalhadores haviam se dirigido a um determinado local para recolher ovos de tracajá. Como o barco que navegavam apresentou problemas, um deles decidiu seguir à nado, mas ficou a são e salvo numa das margens do Juruena.
Quanto aos índios, eles manifestaram desejo à Polícia Federal de permanecerem no local, por entenderem que a terra pertenceu a seus antepassados. Como ocupam terra de Kaiabys, os Apiaká não abrem mão de sua própria área para formação de uma reserva com suas características históricas.
“É difícil, a gente sabe que é uma forma paliativa, né, de se resolver a questão, visando não o conflito, entre o possuidor, o senhor Ari, e os índios. Agora, definitivamente, será mediante a Justiça, a Funai, que irá ter a solução disso”, disse o delegado, ao comentar sobre a dificuldade do proprietário em aceitar o acordo fechado.
Em relação à agressão sofrida por Ari Carneiro, o delegado Dennis Cali destacou que a Justiça terá que responsabilizar seus agressores.
A assessoria jurídica de Ari Carneiro disse que o empresário não concorda com o acordo, até mesmo por não ter a participação da parte envolvida na discussão junto aos índios e à Funai.