A operação Soberania, deflagrada por agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no começo de setembro, na região de Sinop, contra o desmatamento da Amazônia Legal, já aplicou R$ 549 milhões em multas, provenientes de 394 autos de infrações, segundo o órgão. Cerca de 46 mil hectares que estavam sendo desmatados ilegalmente foram embargados. Foram apreendidos 26 tratores, 12 carretas, 11 motosserras, dez armas de fogo, três veículos e cerca de 1,3 mil metros cúbicos de madeira cerrada.
Segundo assessoria, as apreensões que mais chamaram atenção até agora foram em Feliz Natal e Novo Mundo. Na primeira, multa aplicada ao proprietário de R$ 1,3 milhão, 500 hectares embargados e a apreensão de um trator de esteira utilizado para a derrubada das árvores. No segundo caso, a interdição de três garimpos clandestinos. “Estouramos um e conseguimos chegar em mais dois seguindo algumas “pistas”. Encontramos pessoas em verdadeiras condições de escravidão”, disse Badaró Ferrari, assessor do Ibama.
Em um dos garimpos foram apreendidos 14 motores de caminhões, que são utilizados para sugar água dos garimpos. “O que nos chamou atenção é que houve um surto de roubo de motores de caminhão naquela região e, encontramos dez idênticos. Não estamos afirmando, pode ser coincidência somente”, questionou Badaró. “Pela estrutura que vimos, creio que pelo menos 15 pessoas trabalhavam nos locais. Lá não se tem contato com ninguém, não existem banheiros, as condições higiênicas são zero, nos deparamos com uma situação crítica e triste”, completou.
A operação está sendo realizada a partir de dados fornecidos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), produzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama passa as informações às bases, que fazem a vistoria em campo, permitindo, assim, rastrear o desmate, a extração e o eventual transporte da madeira ilegal. O Núcleo de Operações Aéreas (NOA) complementa a agilidade proporcionada pelo serviço de geoprocessamento do Ibama, pois promove uma chegada rápida aos locais de degradação. Nessa mesma vertente, a destinação dos bens apreendidos também tem sido muito célere.
A operação segue em todo o estado por tempo indeterminado e, o objetivo, é ocupar 100% das áreas desmatadas que o satélite está mostrando. “Estamos usando equipamentos avançados em tecnologia, é fácil dar flagrante e vamos terminar essa operação com ótimos resultados, mostrando a todos os infratores que o crime não compensa e que o Ibama está fazendo de tudo para acabar com ele”, completou.