Um grupo de arqueólogos da Universidade Federal do Pará (UFPA) está em Guarantã do Norte (250 km de Sinop) para executar o programa de identificação e salvamento de patrimônio arqueológico da BR-163, no trecho entre o município e a divisa com o Estado do Pará, um dos programas do Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (CENTRAN) direcionados à pavimentação da rodovia.
A equipe de arqueólogos e técnicos da universidade, coordenada pela professora doutora Denise Schaan, está em Guarantã pesquisando sítios arqueológicos que foram localizados na rodovia, em agosto do ano passado. Dos sete sítios arqueológicos localizados nas áreas de influência direta e indireta do eixo, quatro encontram-se na área de impacto direto do empreendimento e precisam ser resgatados.
Os sítios localizados na área de influência direta da rodovia são o Alemão, Alto Paraná, Santo Antônio e Vale da Serra. Os sítios Balneário Paraíso, Shambalá e São João estão na área de influência indireta da rodovia. De acordo com o coordenador de campo do grupo, Gon dos Santos, a pesquisa arqueológica da região é necessária para reconhecer e preservar os vestígios de populações que viveram antigamente nessa região. “Uma vez que esses sítios ficarão parcial ou totalmente comprometidos com o asfaltamento e posterior uso da estrada, essa pesquisa tem o intuito de produzir conhecimento sobre a antiga ocupação do local, como forma de compensar a perda”.
O trabalho dos arqueólogos consiste em fazer escavações para a remoção cuidadosa do solo, atentando para estruturas e indícios de atividades humanas, e liberação da faixa de servidão da BR-163, que compreende a faixa de domínio da rodovia, sendo 40 metros de cada lado da estrada. São coletados todos os materiais encontrados, que podem ser fragmentos de artefatos, ossos, sementes e ferramentas. O material é colocado em sacos plásticos e etiquetado para ser posteriormente analisado em laboratório e, então, identificada a época, data e as populações que utilizaram tais materiais.
Santos explica que, no passado, a região foi ocupada por populações indígenas, mas não há ainda datas. “Além de muito material lítico, como lâminas de machado, que eram antigamente objeto de trocas entre os índios, encontramos fragmentos e antigas vasilhas. Somente a análise em laboratório permitirá o levantamento de informações sobre a produção e uso desses materiais”.