Mesmo sem chegar um acordo com o governo para acabar com as manifestações de caminhoneiros nas rodovias federais, representantes do setor de transportadores autônomos e dos trabalhadores manifestaram satisfação com o retorno dado pelas autoridades durante a reunião iniciada no início da tarde.
Neste momento, os presidentes da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), Paulo João Estausia, estão no Ministério dos Transportes.
Eles aguardam o contato do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, que deixou a reunião para se encontrar com a presidenta Dilma Rousseff. A expectativa é que ainda hoje seja feita uma videoconferência, pela qual a proposta do governo será apresentada.
“Vimos demonstração de interesse em atender à categoria, mas ainda não há uma posição conclusiva. A nossa categoria quer condições de trabalho para fretes, redução de {preço} de combustíveis, sansão na íntegra da Lei dos Caminhoneiros, redução do preço do óleo diesel e o refinanciamento do Pró-Caminhoneiro [programa de financiamento subsidiado para a compra de caminhões]”, disse o representante da CNTA.
O presidente da CNTTL, Paulo João Estausia, defendeu a suspensão da dívida contraída pelo Pró-Caminhoneiro em um ano, sem incidência de juros. “Tabela de frete não depende do governo, mas dos embarcadores, e eles ainda não deram sinal sobre isso. No entanto, pareceram entender a responsabilidade de uma tabela mínima”, disse ele.
Na avaliação dos sindicalistas, as manifestações que estão ocorrendo em diversas rodovias federais representam um movimento natural da categoria, após tanto tempo sem ter reivindicações atendidas. Apesar de não ter participado da reunião, por motivos de credenciamento, o representante do Comando Nacional do Transporte, Ivar Luiz Schimidt, diz representar lideranças de 100 dos 128 pontos de manifestações. De acordo com a assessoria do ministro Rosseto, Schimidt se reunirá em outro momento.
Em entrevista concedida mais cedo, ele defendeu a redução imediata do preço do óleo diesel em R$ 0,50 até que seja definido um valor de frete mínimo para os caminhoneiros. O valor defendido pelo grupo, que se diz responsável pelas manifestações nas estradas federais, é R$ 0,70 por eixo de caminhão a cada quilômetro rodado.
“Não adianta o governo nos pedir para esperar 120 dias, porque isso representa gente trabalhando 120 dias de graça”, disse o representante dos caminhoneiros. “Não recebemos aumento no valor do frete há dez anos. Isso significa que já demos nossa colaboração, no sentido de contribuir para a queda da inflação”.
Schimidt informou que o movimento dos caminhoneiros começou nas redes sociais e ganhou corpo de forma espontânea. “Criamos uma página do Comando Nacional do Transporte no Facebook e depois uma rede pelo WhatsApp para defender nosso lado, já que os empresários não têm interesse em aumentar nosso frete”, informou o caminhoneiro, que mora em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Em Mato Grosso, conforme Só Notícias já informou, o bloqueio continua em 10 trechos de 3 rodovias federais, com caminhoneiros cobrando redução no preço do diesel e que empresas do agronegócio paguem preço melhor pelo frete. A presidente Dilma deixou claro, hoje, que não vai baixar o preço do combustível. O governo tem sinalizado que poderá alongar financiamentos de carretas e caminhões, outra cobrança dos caminhoneiros.
Em Mato Grosso, lideranças do setor e deputados estão conversando com tradings do agronegócio para que seja pago preço mínimo do frete estabelecido pela Secretaria de Fazenda. Caminhoneiros reclamaram que algumas estão pagando valor abaixo do estipulado para escoamento de grãos.