O governador Pedro Taques vai avaliar a readmissão do investigador de Polícia Civil, Kleber Ferraz Albuês, acusado de assassinar e ocultar o cadáver do músico sinopense, Thiago Festa Figueiredo, em dezembro de 2011. Taques atendeu a um pedido da Ouvidoria Geral da Polícia que manifestou “indignação” pelo fato do suspeito ter retomado seu cargo no final do ano passado, por decisão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Jamil Nadaf. Kleber havia sido demitido quatro meses antes.
No despacho, Taques aponta que “torna-se necessária a prévia notificação do interessado, para que, querendo, apresente sua defesa em cumprimento dos direitos constitucionais garantidos pelos princípios de ampla defesa e do contraditório”. Após a defesa, o processo voltará para a “mesa” do governador, que decidirá se manterá ou não a demissão do acusado.
O ex-governador Silval não deu detalhes sobre o motivo pelo qual Kleber foi readmitido nas fileiras da Polícia Civil. O investigador foi alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado pela Corregedoria e a demissão foi a punição apontada ao final do processo. Entretanto, sem citar o suposto envolvimento do policial na morte do músico, a readmissão do policial por Silval Barbosa, em dezembro do ano passado, “passou em branco” na imprensa mato-grossense. Logo após ter sido afastado, em julho de 2014, o investigador havia feito um pedido de reconsideração, negado pelo próprio Silval.
No processo criminal onde responde pela morte e ocultação de cadáver do músico, o policial é acusado de ter privado a vítima de sua liberdade, mediante sequestro, através de internação em casa de saúde destinada a tratamento de desintoxicação, sem qualquer autorização familiar ou consentimento da própria vítima.
O crime, conforme Só Notícias já informou, ocorreu, em dezembro de 2011, na capital. Na denúncia, oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE), consta que Thiago, que residia em Sinop, estava de passagem por Cuiabá à caminho de São Paulo, onde deveria passar as férias com a mãe. No entanto, "foi rendido e coagido (pelo investigador), que estava em posse de uma arma, a dirigir até a clínica de desintoxicação, de propriedade de um parente do policial".
Na clínica foi preparado um coquetel com as seguintes substâncias Levomepromazina, Clorpromizina e Prometazina. O policial teria obrigado o músico tomar a medicação e o trancado em um quarto. O corpo foi encontrado no dia seguinte. O investigador é acusado de transportar o corpo de Thiago até a Estrada da Guia – região do Bandeira, em Cuiabá, onde desovou. Com ele a perícia encontrou um documento de identificação e o carro da vítima, um Fiat Strada.
Segundo as investigações, os extratos bancários de Thiago apontam que ele fez um saque de R$ 5 mil um dia antes de morrer. Os cartões de banco bem como os pertences do músico nunca foram encontrados. O policial acusado é o mesmo que registrou a ocorrência e fazia isolamento do local, até a chegada da perícia, no dia do crime.