A concessionária de água e esgoto (CAB) Cuiabá emitiu, no primeiro semestre desse ano, 676 notificações por furto de água. Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 326 proprietários de imóveis foram notificados, o aumento foi de 108%. Somente neste ano, a concessionária já registrou 108 boletins de ocorrência junto à Polícia Civil. As ligações clandestinas estão causando sérios danos ao sistema público de distribuição de água e gerando desperdícios, vazamentos, aumento dos custos de manutenção das redes, contaminação da água e desabastecimentos de áreas.
O supervisor de Corte e Hidrometria da empresa, José Gorgonho, explica que fraude é toda a infração causada propositadamente pelo usuário para distorcer o real consumo da água. É irregular e ilegal e quando comprovada o usuário é notificado, paga multa, paga o consumo retroativo aos meses em que utilizou a água de maneira indevida e, além de arcar com os custos de um novo hidrômetro, pode responder pelo crime de furto.
“Hoje nós temos um setor com várias equipes para atuar especificamente na fiscalização dos furtos de água. O aumento do número de notificações de furtos ocorreu justamente pela intensificação das fiscalizações promovidas por essas equipes. Os tipos de ligações clandestinas mais comuns são as violações do lacre do corte, as danificações do hidrômetro e os desvios de ramal. Mas os números vão aumentar ainda mais, pois nós estamos treinando mais colaboradores para ampliar as fiscalizações”, afirma.
O coordenador de Distribuição de Água, Mayckon Cassão, destaca que para regularizar o abastecimento de água de uma área, antes é preciso calcular como a rede de tubos deve ser construída para que atenda a necessidade de água. O coordenador conta que as ligações clandestinas não são computadas nesse cálculo e quando são feitas acabam interferindo no que foi previsto, causando os desabastecimentos.
“A pressão é a responsável por transportar a água na tubulação. Sempre antes de construir a tubulação de uma região é preciso calcular quanto de pressão e vazão precisa para encher toda a extensão dos tubos e assim ter água em todos os imóveis. Quando as pessoas furam a rede de tubos para furtar água elas modificam a pressão da rede. Com a tubulação furada, parte da vazão é perdida, a pressão cai e a água não chega até onde deveria, a água para de ser transportada, interrompendo o abastecimento daqueles que estão com as contas em dia”, disse Cassão.
O coordenador de distribuição de água ainda explica como agem àqueles que fazem uso das ligações clandestinas. “O cidadão que furta água não se preocupa com o uso racional dela e acaba gastando até três vezes mais água do que aquele que paga pelo consumo. Há os vazamentos, pois na grande maioria dos casos de gambiarras, esse cidadão que furta não tem qualificação técnica para ligar de forma correta o imóvel à rede pública de água. Ele faz a ligação de qualquer jeito e deixa a água vazando na rede abaixo do solo. Também é preciso dizer que os furtos de água não são exclusivos dos bairros mais pobres”, destaca o coordenador.