O aquecimento global deve causar uma grande perda de biodiversidade da floresta Amazônica e causar impactos também na região Norte de Mato Grosso. A avaliação é do professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, pela sigla em inglês), Paulo Artaxo.
O professor afirma que, segundo as previsões do IPCC, a elevação da temperatura na área da floresta deve ser maior que o aumento estimado para o resto do planeta. O acréscimo neste século na floresta poderá chegar a até 5oC, enquanto a elevação da média mundial será da ordem de 3 graus centígramos.
Para Artaxo, por se tratar de um ecossistema extremamente sensível a variações de temperatura e de chuvas, um aumento da temperatura desse porte deve fazer com que grandes porções da floresta se tornem área de cerrado, vegetação predominante na área central do país, um processo conhecido como savanização.
“Toda a região sul da floresta Amazônica na interface entre o cerrado e a floresta em si, norte do Mato Grosso e Goiás, vai sofrer um processo de savanização muito intenso. As chuvas vão diminuir, a estação seca vai aumentar, o que pode agravar a questão das queimadas, e com isso, o ecossistema deixa de ter capacidade de sustentar uma floresta tropical como nós conhecemos hoje”, diz.
O professor ressalta que a maior colaboração brasileira com o processo de aquecimento global advém sobretudo das queimadas, ocorridas na própria floresta amazônica. Das emissões brasileiras de gases que produzem efeito estufa, 75% são devido a queimadas na Amazônia e somente 25%, a emissões industriais e do setor de transporte.
“A mudança ocorrerá com uma perda de carbono muito grande, com uma perda de biodiversidade enorme, e efeitos muito significativos no ecossistema brasileiro”, afirma Artaxo. “Para o Brasil reduzir as suas emissões de gás de efeito estufa, é absolutamente essencial que haja uma redução da taxa de queimadas na Amazônia”, acrescenta.