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Ex-goleiro Bruno é condenado a 22 anos de prisão

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O ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes de Souza foi considerado culpado pela morte da ex-amante Eliza Samudio e condenado a 22 anos e três meses de prisão – sendo 17 anos e seis meses em regime fechado. Após quase 17 horas de julgamento no Tribunal de Contagem-MG, o júri chegou a um veredicto na madrugada desta sexta-feira e apontou o jogador como o mandante do crime. Já a ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues do Carmo, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado, como a promotoria e defesa solicitaram na última quinta-feira.

Bruno já está preso há dois anos e oito meses e terá este período descontado de sua pena. Os advogados do atleta pediram para que nenhuma imagem fosse feita no momento em que a juíza Marixa Fabiane Lopes leu a sentença, às 02h10 horas (de Brasília) desta sexta-feira, mas disseram que a condenação foi bem recebida pelo jogador. O goleiro será encaminhado de volta para a sua cela e continuará detido na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.

O desfecho do julgamento de Bruno – O réu Bruno Fernandes entrou no plenário do Tribunal do Júri de Contagem-MG por volta de 9h30 desta quinta-feira, último dia de seu julgamento referente à morte de Eliza Samudio, ocorrida no dia 10 de junho de 2010. Logo nos primeiros atos, o advogado de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, suspeito de ter mantido em cativeiro e executado a ex-namorada do goleiro, tentou diminuir a culpa de seu cliente, mesmo com a audiência de seu caso marcada apenas para o dia 22 de abril.

À juíza Marixa Fabiane Lopes, o ex-goleiro do Flamengo voltou a falar sobre o crime, novamente admitindo a morte de Eliza: "Eu sabia que Eliza iria morrer e também imaginava. Por causa das brigas constantes e agressões do Macarrão". Logo após essa declaração diante do júri, Bruno pediu licença para não responder mais nenhum questionamento durante o dia, nem mesmo de seus advogados de defesa. Durante o julgamento, ele foi às lágrimas mais de uma vez.

Logo após o depoimento do atleta, o promotor Henry Vasconcelos relembrou toda a história – desde o sequestro, no dia 4 de junho de 2010, até a execução, seis dias depois. "O futebol perdeu um goleiro razoável, apenas razoável", discursou, ironizando o ex-jogador do Flamengo, do Corinthians e do Atlético-MG, que sonhava em disputar a Copa do Mundo de 2014 com a camisa da Seleção Brasileira. "Bruno estava no controle, no monitoramento e na morte de Eliza Samudio. Ele mentiu vergonhosamente e Eliza foi morta por um direito que ela tinha por lei: uma pensão para seu filho", acusou.

Após acusar Bruno de envolvimento com o narcotráfico na cidade de Ribeirão das Neves-MG e também na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, o promotor deu a palavra ao advogado José Arteiro, que o acompanhou na acusação e chamou o assassinato de Eliza de "crime mais covarde do País". Ao se dirigir aos jurados, Arteiro pediu que "não ficassem marcados como os jurados que absolveram um bandido".

Depois de uma hora e meia de interrupção para almoço, a segunda fase do julgamento teve a apresentação dos advogados de defesa, que apelaram para o lado emocional e contaram os detalhes da infância pobre do goleiro. Francisco Simin ainda acusou o Ministério Público de ter realizado um acordo com Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pela confissão "atrás das câmeras" do assassinato de Eliza. Com autorização da juíza, o advogado Lúcio Adolfo distribuiu fitas pretas aos jurados referentes à "cegueira" da Justiça que, segundo ele, não tinha provas contra Bruno.

"Não chorei só pelo relato feito pelo promotor, mas também pelo cinismo do Bruno. Não aguento olhar para a cara dele, porque enquanto o doutor Henry (promotor) relatava detalhes da morte da minha filha, ele estava cochilando no banco dos réus", disse a chorosa Sonia de Fátima Moura, mãe de Eliza e que atualmente cuida de Bruno Samudio, o Bruninho, filho do casal.

Após uma pausa realizada por volta de 21 horas, o advogado Tiago Lenoir, responsável pela defesa da ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, endossou o coro da promotoria e pediu para que o goleiro fosse considerado culpado. Em seu breve discurso ao júri, Lenoir negou que a sua cliente esteja envolvida no crime de cárcere privado e disse que ela "foi muito mais homem do que todo mundo aqui dentro (do tribunal)".

O advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, tomou a palavra em seguida e afirmou que Macarrão fora julgado com provas faltando. Após acusar uma jornalista de invadir o seu escritório e filmar documentos sigilosos, Adolfo declarou que houve um acordo entre a promotoria e a defesa de Macarrão para evitar que o Ministério Público "passasse vergonha". O representante ainda reiterou que não existe nenhum indício concreto de que Eliza Samudio foi morta a mando do ex-jogador do Flamengo. "Eu estou aqui para pedir a absolvição de Bruno, eu não vim provar nada."

O último pronunciamento do representante de defesa do goleiro se encerrou às 23h19. A juíza Marixa Lopes deu por encerrado a fase de debates e solicitou a retirada dos sete jurados para a sala especial – local onde se decide o desfecho do caso. O júri ficou uma hora para responder aos requisitos e a sentença só começou a ser lida às 02h10 horas. Os advogados do atleta pediram para que todos os cinegrafistas fossem retirados da sala do júri para impedir que Bruno fosse filmado ou fotografado durante a leitura de seu veredicto.

Tomada pela dimensão que o caso obteve na Justiça brasileira, a juíza Marixa Lopes pronunciou a sentença para Bruno, que permaneceu de cabeça baixa durante todo o tempo. "O crime contra a vida tomou grande repercussão por ser um jogador de futebol famoso e pela dúvida deixada pelos autores em torno do crime", discursou a magistrada, antes de negar qualquer redução de pena pelo goleiro ser réu primário.

"O réu, embora primário, não pode ser visto como de bons antecedentes. A conduta social é igualmente reprovável, considerando o envolvimento de Bruno com o lado obscuro do futebol. O réu tem incutido em sua personalidade uma completa subversão de valores", concluiu a juíza. O goleiro agora deverá cumprir 17 anos e seis meses em regime fechado, enquanto os outros 4 anos e nove meses serão cumpridos em regime aberto. A defesa entrará com apelação ainda nesta sexta-feira.

 

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