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Enchentes atrasam aulas em MT, causam doenças e prejuízos

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Falta de saneamento básico, ausência de médicos, incidência de doenças, atraso no calendário escolar, imóveis danificados, escassez de água potável e falta de alimentos agravam ainda mais a condição em que se encontram os municípios atingidos pelo avanço das águas. Parte deles não tem recursos para se reestruturar. Essa foi a maior inundação dos últimos 15 anos.

O “pós-cheia” será temerosa em Alto Paraguai (218 km ao norte de Cuiabá), já que existe apenas 1 médico público no município de 10 mil habitantes. Segundo o prefeito Adair José Moreira (PMDB), o segundo médico só será contratado em março, apesar disso, bem abaixo do ideal. E mesmo que tenha médico, o único hospital da cidade não está funcionando, já que a Vigilância Sanitária exigiu que fossem feitas reformas na unidade. O prazo para conclusão delas é de 6 meses.

Apesar de haver maquinário para a limpeza dos acessos à zona rural, não há combustível para abastecer todos eles. O prefeito afirmou que há muito trabalho a fazer, mas não tem como recuperar os 200 quilômetros de estradas deterioradas pela cheia. Falta também um sistema de drenagem. “Alto Paraguai é um município de várzea, de garimpo, então fica minando água de tudo quanto é canto”.

Cerca de 400 famílias de 4 assentamentos estão isoladas com o rio Paraguai elevado 4 metros acima do normal. Na área urbana, 2 bairros foram alagados, por isso é necessário construir 30 casas em outro local da cidade. “Vou ter que usar verba federal para construir casas para essas famílias porque não podem ficar mais lá”.

O ensino estadual foi iniciado dia 8 de fevereiro, mas terá uma paralisação emergencial por causa da situação crítica. Os 400 estudantes da zona rural estão com as aulas suspensas por tempo indeterminado. “Sozinho eu não tenho como resolver. Alto Paraguai não dispõe de capacidade financeira para tudo isso”.

Santo Antônio do Leverger – A Prefeitura do município a 34 km ao leste de Cuiabá decretou a situação de emergência desde o dia 14 de fevereiro. O rio Cuiabá está com 9,3 metros, ou seja, 15 centímetros abaixo da cota de alerta. Segundo o prefeito Harrison Ribeiro (PSDB), duas equipes estão levando alimentos para os ribeirinhos “ilhados” que ainda não deixaram suas casas.

Caso a situação não mude até março, quando começam as aulas municipais, os alunos da zona rural ficarão temporariamente sem aula. A água prejudicou o acesso, e levará tempo para a reconstrução.

Barra do Bugres – As aulas também não vão começar para 150 alunos da Escola Estadual José Ourives. Cinco famílias do bairro da Feira, o mais afetado no município, estão alojadas no local e não há previsão para saírem. No município (160 km a norte de Cuiabá) há mais de 180 pessoas desabrigadas, mas muitos estão em casas de parentes. Há ainda 600 índios Umutinas ilhados. A maior preocupação, no entanto, está no agravamento do índice de casos de dengue.

O prefeito Wilson Franceslino de Oliveira (PDT) está buscando ajuda da Secretaria Estadual de Saúde (SES), pois não sabe como o município se comportará depois da diminuição das águas. Ele é abastecido pela água do rio, que está com alto índice de poluição, o que custará aos cofres públicos 3 vezes mais recursos para tratá-la.

Cuiabá – A Capital está em uma situação privilegiada comparando a outros municípios. Segundo o coordenador da Defesa Civil local, José Pedro Zanetti, o nível da água está diminuindo, estando a menos de 6 metros (cota de alerta é 8,5 metros). Mesmo assim, a Secretaria Municipal de Saúde está analisando a água que os alojados no ginásio Dom Aquino e na igreja estão bebendo, para saber se é potável.

Cáceres – Depois de avaliar as consequências da última chuva em Cáceres (225 km a oeste de Cuiabá), o prefeito Túlio Fontes (DEM) afirmou que vai decretar estado de emergência devido aos estragos que o município contabilizou. Além de ter 40% da malha viária afetada e 50% das pontes da zona urbana e rural destruídas, três casarões tombados pelo Patrimônio Histórico da União foram interditados, sendo que um desmoronou parcialmente -todos estavam desocupados.

A quantidade de água também pode ter danificado alguns prédios públicos da cidade, como o da Justiça Federal, que solicitou uma avaliação estrutural da Prefeitura.

Na saúde, Cáceres tem registrado casos de pacientes com sintomas relacionados ao contato com a água suja, como diarréia e vômitos. Segundo o secretário de Saúde, Luiz Landim, todos os pacientes que procuram os Pronto-Atendimentos são avaliados e cadastrados para saber se há associação com os alagamentos. Ainda de acordo com o secretário, a Vigilância Epidemiológica está visitando as residências que possuem poços artesianos para uma avaliação da água e aplicação de hipoclorito, para o tratamento do poço.

A dengue é outro ponto que preocupa os moradores e as autoridades de Cáceres. Para evitar a proliferação do mosquito nessa fase pós-alagamento, a Secretaria de Saúde vai intensificar as ações por meio do Comitê Municipal de Mobilização Social para Prevenção e Controle da Dengue. A Prefeitura também está cadastrando os moradores mais prejudicados e iniciou uma campanha local para arrecadar água potável e colchões para os mais necessitados.

Mesmo uma semana depois do alagamento, os moradores permanecem em estado de atenção, pois o nível do rio Paraguai está 20 cm acima da cota de alerta, que é 5,4 m. Segundo o prefeito, a preocupação é que o rio impeça a vazão da água da chuva que escorre pelos canais que cortam a cidade, provocando um novo alagamento.

Peixoto de Azevedo -Localizado há 691 km ao norte da Capital, Peixoto de Azevedo ainda sofre as consequências do alagamento de 14 de janeiro e das frequentes chuvas que vem atingindo o município. Depois de ter mais de 30 pontes levadas pela enxurrada, 2.200 alunos da zona rural ficaram sem frequentar as aulas pela falta de trafegabilidade das estradas vicinais. Apesar de muitos terem voltado a frequentar as escolas ontem, 4 escolinhas do interior só vão retomar as aulas no dia 22 desse mês. Segundo o secretário de educação, João Paulo Silva Souza, aproximadamente 10 máquinas continuam no interior recuperando o que foi destruído pela chuva.

Barão de Melgaço – De acordo com a administração municipal, não houve prejuízos significativos com as últimas chuvas e, apesar do rio Cuiabá estar cheio, os moradores não foram afetados.

Tangará da Serra – A situação está controlada em Tangará da Serra, garante o prefeito José Jaconias da Silva (PT). Segundo ele, a administração está empenhada em corrigir os danos da chuva em alguns pontos da cidade e intensificar a campanha contra a dengue, já que nesse período as águas baixam e o mosquito encontra lugares propícios para se proliferar.

Outro lado – Com base em informações da Defesa Civil do Estado e da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Cidadania, somente Cáceres solicitou apoio do Governo do Estado para atender os atingidos pelo alagamento no município. Foram doados 250 cestas de alimento, 100 cobertores, 80 colchões e 100 filtros d”água. Em Santo Antônio do Leverger a Defesa Civil está fazendo o cadastramento dos moradores afetados para contabilizar quantas famílias vão precisar de ajuda humanitária. Até o momento nenhuma campanha para arrecadação de donativos foi deflagrada.

 

 

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