A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema) investiga 2 empresas limpa-fossa que foram flagradas utilizando córregos de Cuiabá para depositar os dejetos recolhidos em residências. O número é considerado alto pela Dema, pois foram 2 casos em 3 meses. O fato dos flagrantes terem sido realizados pela Polícia Militar durante a ronda diária também é outro indicador de que a prática é comum na Capital.
De acordo com o delegado Carlos Cunha, trata-se de um crime ambiental grave, pois pode resultar em grandes danos para a vida humana e animal. O último flagrante aconteceu há uma semana, quando 2 policiais militares viram um caminhão limpa-fossa despejando líquido supostamente poluído em um córrego da região do Monte Líbano e outro caminhão da mesma empresa aguardando na "fila" para fazer o mesmo. Imediatamente, os polícias fotografaram a ação com ajuda de aparelhos de celular, apreenderam os 2 veículos e os encaminham junto com os motoristas para a Dema.
Cunha esclarece que como já estava anoitecendo, a perícia não teve como ir ao local para confirmar a ação. Sem provas consistentes, os motoristas não puderam ficar detidos e foram liberados. Entretanto, foram colhidas amostras do líquido que estava nos tanques dos caminhões e encaminhadas para exames laboratoriais, os quais devem ficar prontos em até 30 dias.
A empresa declarou à Dema que não se tratava de dejetos e sim de água da chuva que havia acumulado em fossas sépticas. Ainda assim, o delegado entende que a água suja pode ter níveis altos de contaminação já que estava armazenada junto a dejetos humanos.
A análise do material é essencial para saber o nível de contaminação do líquido e qual o real impacto que ele pode causar à vida humana e animal. A partir da conclusão desses exames a Dema poderá indiciar os suspeitos, no caso os dois motoristas e o dono da empresa, encaminhar o caso ao Ministério Público.
Há 3 meses, a Dema já havia flagrado outro caso semelhante, com o agravante de que se tratava 100% de dejetos de fossas sépticas.
Superlotação – Os 2 caminhões não puderam ficar apreendidos no pátio da Dema, que está lotado. Por isso, os veículos foram depositados em juízo ao proprietário da empresa acusada pelo crime ambiental, o qual não pode vender os caminhões até a decisão judicial. Entretanto pode utilizá-los para os servidos prestados pela empresa.
Cunha assume que o melhor caminho seria apreensão dos veículos, pois torna-se também uma outra forma de punição. Mas explica que o pátio está lotado.
Destino – Pela orientação da Vigilância Sanitária, todo material recolhido por caminhões limpa fossa é encaminhado para Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Tijucal, administrada pela Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap). A Sanecap não forneceu mais informações sobre a utilização da ETE, apenas disse que ela está aberta para as empresas desse setor.