O ecoturismo ainda é uma prática adorada por estrangeiros e que vem sustentando com modestidade os empreendimentos pequenos que surgem nas áreas de floresta em toda a Amazônia . O prazer e a curiosidade de observar aves, primatas, mamíferos e borboletas é a coluna dorsal da atividade e tem sido responsável pela hospedagem de cerca de cinco mil ecoturistas a Mato Grosso entre os meses de maio até dezembro , vindos da Europa, Estados Unidos , Canadá. Só em Alta Floresta, são cerca de 700 por ano, a maioria profissionais liberais , estudantes, pesquisadores, entre as idades de 25 anos até os 70 anos.
O que os trás aqui é acima de tudo o respeito pelo mundo silencioso e superior das florestas tropicais. Dentro das matas, esses homens e mulheres vindos de tão longe andam em silêncio, observam com surpresa o exercíto de árvores centenárias e ficam atentos aos sons de aves diversas e multicores que vem de alturas de até 40 metros. Uma sinfonia divina, organizada, perfeita.
Essas experiências, dizem os ingleses, é como ter a sensação de tocar a terra, de ver tudo como realmente fosse o mundo que Deus nos presentou com a vida. Tudo isso pode ser sentido e visto através dos inúmeros caminhos do ecoturismo ou trilhas como se chamam nos famosos lodges, ou hotéis de selva. Mato Grosso já é um ponto de parada de boa parte dos ecoturistas que viajam o mundo especialmente por causa das aves. Alex Miss, um ornitócolo de apenas 26 anos, já passa dos sete meses em Alta Floresta, na área de RPPN Cristalino, onde dia-a-dia vai listando novas espécies que observa na floresta. “Já ví 520 espécies das 600 catalogadas, umas só vi uma ou duas vezes”, conta o americano .
Alta Floresta é considerada por muitos ornitólogos como um dos mais ricos destinos para observação de aves de toda a Amazônia brasileira. Com uma lista de 570 espécies e novas espécies sendo descobertas a cada ano, a região da bacia do Rio Cristalino tem sido visitadas por importantes ornitólogos e por observadores de aves de todo o mundo. Tudo começou com a descoberta de Ted Parker and Mort and Phyllis Isler em 1989, quando estiveram na região e a partir daí as visitas nunca mais pararam de crescer. Doutores importantes da ciência natural internacional como Yürgen Haffer, Dr. Robert Ridgley, Guy Tudor, Dr. Kevin Zimmer e Bret Whitney para mencionar alguns já fizeram pesquisas no local..
Devido à barreira dos rios Madeira, Xingu e Teles Pires, que inibem a dispersão de algumas espécies, a região do Cristalino apresenta uma alta incidência de endemismos. Diferentes tipos de solos das drenagens dos rios de “águas claras” como o Rio Teles Pires e de “águas pretas”como o Rio Cristalino, aumentam a diversidade da flora e fauna. Do hotel de selva Cristalino, os visitantes podem escolher um conjunto de trilhas com diferentes habitats, navegar por barco nos rios a procura da Jacutinga, ou podem relaxar nas clareiras do Hotel de Selva aonde muitas espécies de tucanos, araras, papagaios, cotingas, barbets, trogon e outros frugívoros visitam as Cecropias( embaúbas) e outras árvores a procura de suas frutas saborosas.
São 12 trilhas que perfazem cerca de 19 mil metros de caminhos dentro da floresta amazônica. Em todas elas, a sensação de bem estar e respeito pela natureza cresce a cada passo . A paisagem vai se abrindo , a floresta vai dando licença para que o homem sinta a melhor de todas as alegrias, de estar vivo , de ter nascido num planeta tão belo e gigante. A todo momento, os guias apontam aves e vão nos dizendo os nomes de cada um que vem nos espiar cantando melodias, marcando terreno, protegendo seus ninhos.