Os próximos resultados do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), que vão ser divulgados em agosto, devem trazer uma surpresa com relação às taxas de desmatamento em Mato Grosso, segundo o secretário de Meio Ambiente do estado, Luis Henrique Daldegan.
“A taxa anual de desmatamento da Amazônia medida pelo Prodes vai mostrar uma surpresa em relação ao Mato Grosso, com diminuição em relação ao ano passado”, afirmou Daldegan, hoje (2), logo depois da divulgação dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mostraram o estado como o que teve a maior área desmatada em abril.
O secretário disse ainda que a Secretaria do Meio Ambiente mato-grossense é a única a embargar áreas na Amazônia e garantiu que o estado vai continuar a fiscalização das áreas onde é apontado desmatamento ilegal.
O governador Blairo Maggi não comentou ou números do Inpe. De acordo com o instituto, o Mato Grosso foi responsável por 70% dos 1.123 quilômetros quadrados desmatados na Amazônia Legal em abril. A assessoria de imprensa destacou a influência que as nuvens exerceram nos resultados, impedindo que a devastação fosse observada em estados como o Pará.
A exemplo do que já tinha sido ressaltado no informe apresentado pelo Inpe, o pesquisador do Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo, afirmou que a quantidade de nuvens que cobrem a região da Amazônia até abril dificulta saber qual é o índice real de desmatamento da área.
Veríssimo também lembrou o caso do Pará, que teve, durante o mês, quase 90% do seu território encoberto, inviabilizando o registro das imagens que demonstraram o desmatamento. “É provável que no próximo relatório, que será o do mês de maio, que é um mês em que diminui a proporção de nuvens, a gente possa registrar melhor o ocorreu no Pará”, disse, em entrevista à Agência Brasil.
No entanto, ele destacou a ressalva feita pelo instituto. “A gente sabe exatamente qual o estado onde provavelmente está subestimando [o desmatamento], é o caso do Amapá, do Maranhão, do Pará, onde a cobertura de nuvens é acima de 2/3 [do território]; no caso do Pará foi quase 90%, no Amapá foi 94%, Maranhão foi 76%, e no outro extremo, estados como Roraima, Rondônia e Mato Grosso, onde a proporção de nuvens foi muito pequena e os números estão mais próximos do que aconteceu”, disse.
O pesquisador afirmou que, por enquanto, não há o que fazer, já que a tecnologia disponível só consegue capturar imagens de alturas acima das nuvens.