O incêndio que destruiu dezenas de placas de isopor que seriam usadas nas obras da Arena Pantanal foi criminoso. Esta é a conclusão dos técnicos da Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec), que consta em um laudo com cerca de 50 páginas. O documento mostra que o fogo foi iniciado em dois pontos distintos do canteiro de obras, em um local onde não havia nada que pudesse causar combustão espontânea. A Polícia Civil já recebeu o relatório e agora trabalha para tentar identificar os autores e a motivação do crime.
No relatório dos peritos, o incêndio registrado no dia 25 de outubro é classificado como resultado de "fogo posto de natureza intencional". Os técnicos, que entregaram a documentação no final da última semana para a Polícia Civil, ressaltam que não é possível, no entanto, "identificar o agente do delito", ou seja, qual tipo de combustível inflamável foi usado para iniciar as chamas.
As investigações foram iniciadas pelo delegado Antônio Sperandio, que ouviu várias pessoas, entre elas funcionários que estavam na Arena Pantanal na hora do incêndio. Desde a semana passada, o caso está nas mãos do delegado da 2ª Delegacia de Polícia de Cuiabá, Romildo Grota. Ainda sem querer adiantar os próximos passos, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que com esta confirmação, os trabalhos se concentram em identificar os culpados pelo crime.
O trabalho da perícia foi realizado dentro do prazo estipulado após a requisição de Sperandio, 30 dias. Com a chegada do documento e a continuação das investigações, a expectativa é que o inquérito instaurado seja concluído, no máximo, no início do ano que vem, prazo que pode ser aumentado.
A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), recebeu a informação da conclusão do laudo também no final da semana passada. No entanto, não confirma o teor do documento emitido pela Politec. Titular da pasta, Maurício Guimarães, preferiu não comentar o assunto, limitando-se a dizer que aguarda a apuração da Polícia Civil. "Não posso me adiantar ao trabalho dos policiais. Se foi um incêndio criminoso, cabe à polícia investigar. Confiamos na instituição e esperaremos o término das investigações para nos pronunciarmos".
Foi Guimarães que, quatro dias após o incêndio, levantou a hipótese de crime no canteiro de obras do estádio de Mato Grosso da Copa do Mundo 2014. O fato de o incêndio ter ocorrido no subsolo das obras, próximo aos vestiários, local onde é proibido fumar e que ainda não havia recebido as instalações elétricas, baseavam as suspeitas do secretário. O valor do prejuízo causado pelo fogo não foi revelado pelo secretário.
Uma das motivações investigadas para o incêndio criminoso pode estar relacionada com um assalto, frustrado pela ação da polícia, que ocorreu no mesmo dia do incêndio. Na ação, quatro pessoas, sendo dois funcionários de uma empresa que presta serviços na construção, foram presas saindo do canteiro com fios de cobre. Elas aproveitaram a movimentação causada pelo incêndio que atingiu uma ala da obra e arrombaram um armário. Os suspeitos estavam em 2 veículos e foram presos quando saíam do canteiro.
Para evitar novos problemas, Guimarães afirma que a construtora Mendes Júnior, responsável pela obra, já tomou medidas para aumentar a segurança na área e impedir a entrada de pessoas não autorizadas à obra. "Além de aumentar o número de seguranças em toda a extensão do canteiro de obras, câmeras de segurança foram instaladas para que seja possível manter o controle em todos as partes da Arena Pantanal".