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Corpo de Bombeiros não abre um novo batalhão há 5 anos em MT

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Há cinco anos o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso não abre um batalhão ou companhia no Estado. O último criado foi a 13ª Companhia Independente em Lucas do Rio Verde, em junho de 2008, que atende mais de 61 mil pessoas em três municípios. Para que uma cidade possa ser considerada apta para receber um quartel há a exigência mínima de 20 mil habitantes. Apesar disso, em Mato Grosso, das 29 cidades que superam esse número, apenas 17 têm uma sede do Corpo de Bombeiros com 958 profissionais atuando.

De acordo com a Lei Complementar nº 404 de 2010, o efetivo ideal para atender a todo o Estado seria de 3.995 bombeiros, porém, além da falta de servidores, durante os jogos da Copa do Mundo de 2014 cerca de 600 deles serão deslocados e ficarão à disposição do evento, o que irá aumentar o déficit.

As 150 pessoas que serão chamadas através de concurso servirão apenas para repor o número de servidores que se aposentam entre 2013 e 2014. Para atender a demanda da Copa também serão trazidos bombeiros do interior para a capital para que o efetivo possa atender a regulamentação exigida para o evento.

Sem a abertura de novos quartéis, os acidentes nas cidades menores frequentemente trazem prejuízos emocionais e financeiros, pois a chegada do atendimento especializado pode demorar horas.

Na última semana o empresário Ademair Vanni teve o supermercado incendiado por causa de um curto circuito em Nova Ubiratã. A espera pela chegada do Corpo de Bombeiros de Sorriso, a 82 quilômetros da cidade, levou mais de 3 horas, o suficiente para que todo o estabelecimento fosse queimado. Por ter pouco mais de 9 mil habitantes, a cidade teve negado os pedidos para a instalação de um quartel dos bombeiros na cidade.

Com prejuízo avaliado em R$ 900 mil, Ademair reclama que a instalação de um quartel na cidade poderia ter resolvido o problema em pouco tempo. "Não sabíamos o que fazer, todos ajudaram mas ninguém é preparado para isso. Se os bombeiros tivessem chegado rápido o prejuízo não seria tão grande. Graças a Deus que ninguém ficou em perigo, senão teria morrido".

Com longas distâncias entre as companhias do Corpo de Bombeiros e as cidades que são atendidas, os casos mais graves não podem ser socorridos. Além de Nova Ubiratã, a 10ª Companhia Independente de Bombeiros Militar de Sorriso é responsável pelas ocorrências em Feliz Natal, Vera e Ipiranga do Norte.

Em média são atendidas de 10 a 15 chamados por dia, a maioria por causa de acidentes nas rodovias, pois não há viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região. Os 4 bombeiros e 2 veículos disponíveis por turno, com frequência, não são suficientes para atender a demanda. Nos casos de incêndio, os bombeiros têm que ir até o local com um caminhão, o que aumenta o tempo de espera das vítimas. "Se for um incêndio, até a gente chegar a pessoa já morreu, porque o deslocamento com o caminhão por estradas de terra demora", afirma o tenente Heitor Alves de Souza.

Sem novos quartéis previstos e com um concurso que pouco resolve o problema do efetivo, os soldados e oficiais têm que trabalhar mais para atender os chamados que aumentam a cada dia. Um bombeiro, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, afirma que há uma sobrecarga nos servidores atuais. "Estamos com 25% do que a legislação manda. Esse é o principal problema. Existem boas ideias, mas é difícil realizar e atender bem o cidadão tendo que trabalhar por 4".

Para o especialista em segurança pública e professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Naldson Ramos, os investimentos necessários para o Corpo de Bombeiros são altos e não têm tanta visibilidade social. "É melhor para a imagem do Estado comprar 60 viaturas de Polícia do que comprar um caminhão para o Corpo de Bombeiros que pode custar até R$ 2 milhões".

Além dos investimentos altos, o professor argumenta que falta modernização nos instrumentos utilizados pela corporação para melhorar o atendimento à população. "Em Cuiabá, por exemplo, tenho medo de que ocorra um incêndio em um dos grandes prédios, pois as escadas são antigas e não chegam até os últimos andares dos prédios mais altos".

Uma das alternativas para os problemas das médias e pequenas cidades de Mato Grosso pode ser o treinamento e a contratação de bombeiros civis. Esse tipo de profissional se diferencia dos bombeiros militares por não estar vinculado ao Estado e passar por treinamento oferecido por uma empresa particular.

No Estado, a Associação Anjos do Cerrado Bombeiro Civil realiza esse tipo de curso, porém a organização só conseguiu liberação nesse ano do Corpo de Bombeiros para realizar as capacitações.

Segundo o presidente da Associação, Givanildo Gomes da Silva, é possível realizar convênios com as prefeituras para que o município contrate o serviço de bombeiros civis, que tem menores salários que os bombeiros militares e fazem parte da comunidade, por isso não se mudam ou pedem transferência.

Givanildo lembra que Joinville, em Santa Catarina, é um dos exemplos onde esse tipo de iniciativa deu certo e os bombeiros civis são responsáveis por socorrer vítimas de afogamento, incêndios e outros tipos de acidentes. "É uma solução viável e que ajuda principalmente na prevenção de acidentes, com o trabalho junto à sociedade", explica o especialista em segurança pública.

Outro lado
O comandante-geral adjunto do Corpo de Bombeiros, coronel Giovani Eggers, afirma que o concurso público que será aberto até agosto será suficiente para atender a demanda nos 17 municípios e que o efetivo de quase 4 mil bombeiros previsto por lei é para atender todo o Estado. Para os quartéis existentes, esse número é suficiente e não haverá falta de bombeiros para socorrer a população durante os jogos da Copa em Mato Grosso.

Sobre a abertura de novos quartéis, o coronel afirma que só está previsto para a cidade de Juína, que deve receber 20 bombeiros aprovados no próximo concurso.

 

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