A possível falha na comunicação da torre de controle com os pilotos do jato Legacy, causando o acidente aéreo com o boeing da Gol, em que 154 pessoas morreram, no Norte de Mato Grosso, no dia 29 de setembro, pode ser esclarecida durante o depoimento dos controladores de vôo, marcado para os próximos dias 20 e 21, pelo delegado de Polícia Federal, Renato Sayão.
A confirmação foi feita ontem, pelo próprio delegado, que esteve em Sinop tratando sobre o caso com o juiz federal Charles Renaud Frazão. O depoimento deve esclarecer se o controlador autorizou o Legacy manter a altitude de 37 mil pés, a mesma do Boeing da Gol, até o aeroporto de Eduardo Gomes, em Manaus.
A autorização contradiz o plano de vôo do jato, que saiu em 37 mil pés de São José dos Campos (SP), e previa a descida para 36 mil pés quando sobrevoasse Brasília e subida para 38 mil pés a partir do ponto Teres (localizado a 480 km de Brasília), até a capital amazonense.
O delegado também deverá ouvir os pilotos do Legacy, que devem continuar no Brasil após ser indeferida, ontem, a liberação dos passaportes. Em seus primeiros depoimentos eles alegaram que perderam contato com a torre após sobrevoarem Brasília e mantiveram a orientação. Mas, segundo a aeronáutica, nestes casos, quando há perda de contato com o controle, os pilotos devem seguir o plano de vôo.
Sayão espera dar mais agilidade às investigações a partir da determinação da Justiça Federal de Sinop para a liberação dos dados da caixa-preta do jato e das gravações da torre de controle, que estão em poder do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O Cenipa terá, após ser notificado, 48 horas para liberar os dados. A Justiça Federal também prorrogou, por mais 30 dias, o prazo para conclusão do inquérito que apura as causas do acidente. O delegado Renato Sayão disse que espera concluir os trabalhos neste período. “Se não houver nenhuma perícia que atrase a conclusão acho que consigamos concluir e depende do Ministério Público ficar satisfeito com o que apresentarmos, se ele achar que é insuficiente teremos que prorrogar”, concluiu.
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