O clima continua tenso na Terra Indígena Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso, onde famílias de não índios devem deixar a área ocupada há mais de 20 anos, conforme decisão judicial. Ontem, agentes federais, soldados da força nacional e policiais rodoviários entraram em confronto com moradores quando tentavam desocupar uma das propriedades. Onze ficaram feridos.
Os manifestantes estão mantendo o bloqueio em um trecho da BR-158 e da MT-242. Os moradores do Posto da Mata na região dos municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia, resistem à desocupação.
Segundo um proprietário rural, as famílias não podem retirar tudo o que construíram em anos em poucos dias. “Apenas algumas famílias foram notificadas, mas a insegurança impera, já que no mandato não especifica para onde essas pessoas vão”. Ele explica que alguns se encaixam no programa de reforma agrária e que teriam direito a terras, mas ao mesmo tempo contesta. “Todo mundo sabe que a reforma agrária no país não funciona. E as outras famílias que só tem um pedacinho de terra? Como ficam?”, disse.
Ainda conforme ele, na área existem cerca de 585 propriedades e mil integrantes da Associação dos Produtores Rurais da Área Suiá-Missú (Aprosum) e todos devem deixar o local. Ele questiona a presença do coordenador geral de Movimentos do Campo e Território, da Presidência da República, Nilton Tubino, na região. “Ontem, ele estava no helicóptero percorrendo a área, mas isso cabe apenas à Força Nacional”, disse.
Conforme a procuradora da República, Marcia Brandão Zollinger, em coletiva, ontem à tarde, a desintrusão deve ser cumprida, porque não houve decisão judicial que suspenda a retirada das famílias.
A desocupação deve ocorrer em quatro etapas. Primeiro nas grandes propriedades rurais, depois as de médio porte e depois dos pequenos produtores. Por último, a reintegração de posse ocorrerá no Posto da Mata.
Assista reportagem da Tv Araguaia do 1º dia de desocupação