As ruas sem pavimento da periferia de Cuiabá estão em estado caótico. Com a intensidade das últimas chuvas, valas foram abertas com o fluxo da água. Algumas são tão profundas que impedem o tráfego. Os moradores precisam deixar o carro na casa de vizinhos porque ficam com medo do veículo ficar atolado. Este é apenas um dos problemas causados pelas chuvas que, há 15 dias, causaram enchente em parte do município. A Prefeitura estima que serão necessários R$ 2 milhões, emergencialmente, para restabelecer a infraestrutura da cidade. O valor é 100% superior ao gasto mensal em manutenções na Capital.
O bairro Jardim Florianópolis tem 3 ruas asfaltadas e as demais são de chão. O comerciante Edézio dos Santos dos Anjos, 66, mora há 18 e diz que no verão é comum a água danificar as ruas. Este ano, a quantidade de chuva foi maior no período e a situação ficou crítica.
Na rua 3, por exemplo, forma-se uma espécie de cachoeira. A largura da fenda é de mais de 3 metros e a profundidade é de 1,5 metro na parte mais baixa. Ao lado da vala está instalada uma escola, que tem a calçada rachada porque o assoreamento atingiu a parte inferior do concreto, que perdeu a sustentação.
No mesmo bairro, a rua 2 passa pelo mesmo problema. A dona-de-casa Rosalina Neres dos Santos, 29, fala que as pessoas precisam deixar o carro com vizinhos porque não conseguem chegar com o veículo em casa. Ela conta que durante a estiagem, a Prefeitura costuma passar máquinas e colocar cascalho, mas quando começam as chuvas, o serviço é carregado pela água.
No bairro São João Del Rey, o caos se repete. A dona-de-casa Fernanda Cristina, 25, mora na Alameda B e pede a manutenção e pavimentação da via. Ela relata que os danos são altos e os vizinhos precisam fazer uma espécie de ponte de madeira, na frente da casa, para conseguir chegar ao imóvel.
Os buracos em ruas não pavimentadas atormentam também os moradores de bairros considerados de classe média e alta de Cuiabá. No Jardim Itália, a rua Perúgia está repleta de buracos que dificultam a passagem dos veículos. A rua é paralela à avenida Itália, principal do bairro, e serviu de desvio para ônibus durante as obras na avenida. O veículo é pesado e prejudicou ainda mais a estrutura da via.
Paralisada – A obra de construção do sistema de drenagem da avenida Itália está paralisada há mais de 60 dias. A empresa fez algumas intervenções que deixaram buracos na pista e também na calçada e canteiro central.
O espaço entre as duas pistas está ocupado por aterro, que escorre para a pista durante as chuvas. A situação faz com que o chão fique escorregadio e facilita a ocorrência de acidentes.
Outro problema é a falta de espaço para a travessia de pedestre. A doméstica Roni Glades Santos, 33, diz que precisa fazer malabarismos para chegar até o ponto de ônibus.
Enquanto espera o coletivo, precisa ficar atenta porque os carros passam pelas poças e acabam jogando a água suja em quem está esperando o coletivo. A parada não tem sinalização ou cobertura.